Les Chevaliers du ciel
Personagens de uma banda desenhada publicada no semanário Pilote, os pilotos de caça Michel Tanguy (o de cabelo escuro) e Ernest Laverdure (o de cabelo louro) tornaram-se heróis do pequeno ecrã graças à série televisiva "Les Chevaliers du ciel".
O que é que Johnny Hallyday e os aviadores Tanguy e Laverdure têm em comum? Johnny Hallyday canta a canção-tema do final de "Les Chevaliers du ciel", a série televisiva adaptada das aventuras dos outros dois, transmitida a partir de 1967 no antigo primeiro canal do Office de radiodiffusion-télévision française (ORTF). As rimas são tão polidas como um voo da Patrouille de France: "Os cavaleiros do céu / Num barulho de trovão / A dois passos do sol / Vão procurar a luz / Meio anjos e meio demónios / Indisciplinados mas bons rapazes / Não conhecem o bem nem o mal / Porque só pensam no seu ideal". «Les chevaliers du ciel / Dans un bruit de tonnerre / A deux pas du soleil / Vont chercher la lumière / Moitié anges et moitié démons / Mauvaises têtes mais gentils garçons / Ils ne savent ni le bien ni le mal / Car ils ne pensent qu’à leur idéal.»
Tanguy et Laverdure mais populares que Astérix!
Em setembro de 1967, quando foi transmitido o primeiro de 39
episódios, Michel Tanguy e Ernest Laverdure já eram o sonho dos jovens leitores
da revista semanal Pilote. Presentes desde o primeiro número, publicado
a 29 de outubro de 1959, os dois pilotos eram ainda mais populares do que um
pequeno gaulês chamado Astérix. Criados pelo argumentista Jean-Michel Charlier
e ilustrados por Albert Uderzo (o ilustrador... de Astérix), defendem as cores
da Força Aérea Francesa a bordo do seu Mirage III, lutando contra espiões e
outros sabotadores (inevitavelmente maléficos) que procuram prejudicar os
interesses superiores da França.
Durante sete anos Jean-Michel Charlier tenta, em vão, levar
as suas façanhas para o pequeno ecrã. Desde que o seu primeiro projeto
fracassou em 1960, quando a produtora faliu, o argumentista bate à porta de
vários produtores que poderiam estar interessados. Estava quase a desistir
quando um realizador, François Villiers, lhe pediu para escrever um argumento
para um filme de aviação. Charlier apresenta os argumentos que já tinha
escrito. Um sucesso! François Villiers desistiu da sua ideia de longa-metragem
em favor de uma série televisiva e contratou um produtor. Para Tanguy e
Laverdure, começa uma nova vida.
Da banda desenhada à televisão: missão cumprida
Numa banda desenhada, tudo é possível com uma boa dose de imaginação - um ingrediente que não falta a Jean-Michel Charlier, criador de personagens de sucesso como Buck Danny e Blueberry. Mas passar do papel ao filme não é isento de dificuldades, a começar pela escolha dos atores. Enquanto Jacques Santi se impôs imediatamente como o perfeito sósia de Michel Tanguy, a escolha do seu parceiro revelou-se mais difícil. Depois de ter considerado Jacques Balutin, o realizador acabou por escolher Christian Marin. No entanto, este teve de pintar o cabelo de louro de duas em duas ou de três em três semanas para poder representar a personagem na perfeição.
Tanguy e Laverdure são os heróis da série televisiva
interpretados por Jacques Santi e Christian Marin. No centro, Michèle Girardon
interpretou Nicole
Mas os verdadeiros problemas surgiram quando se tratou de
filmar as cenas aéreas. Estava fora de questão levar uma câmara da época a
bordo de um Mirage III, devido à falta de espaço, ou transformar os atores em
autênticos pilotos de caça. Era igualmente impensável perturbar a atividade da
base militar de Dijon durante os três meses de filmagem, mesmo que a equipa
vivesse imersa no meio do pessoal. Isto deu origem a alguns mal-entendidos
divertidos, como o dia em que um aviador estrangeiro faz a continência a um dos
atores, convencido de que se tratava de um verdadeiro oficial...
A equipa de produção recorreu a uma grande dose de engenho
para conseguir toda a verosimilhança indispensável à credibilidade da série.
Enquanto algumas das missões dos pilotos (reais) foram modificadas para
responder às exigências do guião, um avião equipado com uma grande janela panorâmica
transportava uma câmara e seguia o Mirage em ação. Os pilotos do Mirage são
obrigados a reduzir a velocidade para não perderem o avião em rota, correndo o
risco de efetuar certas manobras que se aproximam do estol. Tudo isto com o
beneplácito e o entusiasmo da Força Aérea, que se regozijou com esta
publicidade suscetível de inspirar os jovens telespectadores a voar.
Graças ao seu sucesso, a série teve mais duas temporadas,
antes de Jacques Santi ter de abandonar o seu papel na sequência de um acidente
de viação. Tanguy e Laverdure, representados por outros atores, regressaram em
1988 com uma nova saga televisiva, "Les Nouveaux Chevaliers du ciel",
e em 2005 inspiraram os dois heróis de um filme de Gérard Pirès. Mas a magia já
não estava a funcionar...
Ficha técnica
- Número de episódios: 39.
- Duração: 26 minutos.
- Difusão: 1.º e 2.º canais da ORTF.
- Datas de emissão: 16 de setembro de 1967 a 3 de março de
1970.
- Primeira temporada (1.º canal, a preto e branco):
1967-1968.
- Segunda temporada (2.º canal, a cores): 1968-1969.
- Terceira temporada (2.º canal, a cores): 1969-1970.
- Realização: François Villiers.
- Argumento e diálogo: Jean-Michel Charlier e Antoine Tudal.
- Compositores: Bernard Kesslair e Jacques Chaumelle.
Fonte: The Good Life
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