"Traição à Pátria", "choque", "inaceitável": as reações dos partidos às polémicas palavras de Marcelo
Silent Witness - Emilia Fox, Rapulana Seiphemo (compor novos
estereótipos mais consentâneos com os tempos muito modernos)
O Presidente da República decidiu falar, a jornalistas
internacionais, sobre os últimos primeiros-ministros portugueses. Afirmou que Montenegro tem "comportamentos
rurais" e António
Costa era "lento" por ser oriental.
Os partidos defendem que o Presidente da República deve
retratar-se das declarações que fez sobre António Costa e Luís Montenegro, o
anterior e o atual primeiros-ministros. O Chega fala até numa “traição à
pátria” por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, quando se refere à História de
Portugal, e atira mesmo com a palavra “destituição”.
Marcelo Rebelo de Sousa está no centro de uma polémica,
depois de, esta quarta-feira, terem sido reveladas palavras que proferiu
durante um jantar com jornalistas da Associação de Imprensa Estrangeira em
Lisboa.
O Chefe de Estado afirmou que o novo primeiro-ministro, Luís
Montenegro, tem "comportamentos rurais" e que o anterior, António
Costa, era "lento" por ser oriental.
Mas foram as declarações do Presidente da República sobre o
passado colonialista de Portugal que
mais incomodaram o líder do Chega.
Marcelo
Rebelo de Sousa reconheceu a responsabilidade de Portugal por crimes cometidos
durante a era colonial, sugerindo o pagamento de reparações pelos erros do
passado.
Para André Ventura, as palavras de Marcelo “não são uma
tontice ou um deslize que todos podemos ter, são uma traição à pátria”.
“Se houvesse, em Portugal, um processo de destituição da
Presidência da República, o Chega não hesitaria em começá-lo”, declarou
Ventura, esta quarta-feira, na Assembleia da República.
Já sobre as palavras que proferiu sobre Luís Montenegro e
Costa, o líder do Chega considera que não se tratou de um ato “muito
dignificante”.
À Esquerda, foram as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa
sobre os chefes de Governo – e não, naturalmente, as que proferiu sobre o
passado esclavagista de Portugal – que deixaram os partidos incomodados.
Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, considera que
as palavras do Presidente da República são “uma forma imprópria para expressar
a relação com o chefe de Governo, independentemente da pessoa que ocupa essa
função”.
“Não é apenas de mau tom, não é apenas de mau gosto”,
defendeu. “É inaceitável.”
“As declarações do Presidente da República não estão à
altura do cargo que ocupa e, além disso, manifestam um preconceito para com o mundo rural e o Interior.
Manifestam expressões de classismo, de discriminação, de preconceito”,
acrescentou, sublinhando que “era muito importante que o Presidente da
República se pudesse retratar”.
Pelo Livre, a líder parlamentar Isabel Mendes Lopes
afirmou-se “profundamente chocada” com as palavras do Chefe de Estado.
“Não pode acontecer que o Presidente da República venha alimentar preconceitos e
contribuir para uma polarização maior da sociedade portuguesa”, declarou.
Já Inês Sousa Real, deputada única do PAN, fala em
declarações “infelizes”.
"O Presidente da República deve representar todas e a todos,
independentemente de pertencermos ao meio urbano ou rural, ou independentemente
da nossa origem, em particular, no caso, fazendo referências a quem é do
Oriente. Para o PAN, é fundamental que possamos promover um maior respeito
interinstitucional e, nesse sentido, não podemos deixar de repudiar as
declarações", sublinhou.
Os líderes parlamentares do PSD e do PS, Hugo Soares e
Alexandra Leitão, assim como o deputado do PCP António Filipe, recusaram-se a
comentar o caso.
O Presidente da República confirmou, esta tarde, as
afirmações que lhe foram atribuídas, num jantar com jornalistas estrangeiros no
dia anterior, mas
considerou que não fez apreciações ofensivas e que o primeiro-ministro, Luís
Montenegro, “vai surpreender”.
Fonte: SIC Notícias, 24 de abril de 2024
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