Como foi a ocupação moura da península Ibérica?
Domínio influenciou a história europeia por séculos
Ela foi longa na duração e rápida na conquista. Os mouros
precisaram de menos de uma década para dominar a região – que permaneceria sob
seu controlo durante quase oito séculos. A invasão começou em 711 e três anos
depois já dominava a maior parte do território da península Ibérica, para
terminar definitivamente apenas em 1492. O curioso é que essa ocupação foi incentivada pelo mesmo
povo que habitava a região. Os visigodos, como eram chamados, tinham
origem germânica, mas tinham-se convertido ao cristianismo e viviam envolvidos
em disputas internas. Por causa dessa rivalidade, uma fação de visigodos resolveu pedir ajuda ao líder
árabe Musa ibn Nusayr, que dominava o
norte da África. Musa não só atendeu ao pedido como aproveitou para
tomar toda a península. Durante mais de 20 anos, o avanço mouro enfrentou pouca
resistência e só foi barrado pelos francos, povo cristão que habitava o
território francês, a menos de 300 quilómetros de onde hoje fica Paris.
A tentativa de dominar o resto da Europa foi detida, mas a
ocupação da península Ibérica, não. Mas quem, afinal, eram os mouros?
Tratava-se de um povo africano que vivia onde ficam hoje o Marrocos e a parte
ocidental da Argélia. O termo vem do latim maures, que significa “negro”, em
referência à pele escura da população que havia sido dominada pelo Império
Romano no século I a.C. No início do século VIII d.C., os mouros converteram-se
ao islamismo após o contato com árabes vindos do Médio Oriente para espalhar os
mandamentos do profeta Maomé. A religião que os mouros levaram consigo ao
invadir a península Ibérica contribuiria, porém, para a sua expulsão da Europa.
Foi o sentimento antimuçulmano que fez crescer, nos territórios cristãos
ocupados, a resistência aos invasores a partir do século XI, principalmente no
norte da Espanha. Ali ficava o reino de Castela, onde surgiu o líder militar El
Cid, consagrado herói na luta pela libertação do seu povo.
A “reconquista” – como os historiadores batizaram a ofensiva
contra os mouros – ganhou força nos dois séculos seguintes e, por volta de
1250, os cristãos conseguiram recuperar a maior parte da península. Alguns
mouros ainda resistiram na cidade de Granada, na Espanha, até 1492, data que
marca o fim do domínio muçulmano na região. Mesmo assim, os mouros deixaram ali
uma forte herança cultural – e não por acaso, pois os árabes eram, na época, a
vanguarda científica do planeta. A arquitetura e a engenharia naval são apenas
dois exemplos da fértil contribuição dos invasores aos futuros impérios
mundiais estabelecidos pelos navegadores espanhóis e portugueses. Além disso,
estilos musicais como o flamenco e o fado nasceram influenciados por ritmos e
instrumentos mouros – a guitarra clássica, por exemplo, deriva de antigos
instrumentos árabes.
Além disso, as traduções feitas por eles de textos clássicos
gregos e latinos possibilitou a recuperação dessas obras para a Europa
renascentista, após muitas delas terem se perdido na Idade Média.
Influência decisiva
Invasão árabe enriqueceu a cultura europeia
Mestres Navegadores - foram os mouros que aperfeiçoaram o astrolábio,
instrumento de origem grega que permite a orientação em alto-mar pela
observação de estrelas. A sua ciência náutica teve grande influência sobre a
Escola de Sagres, em Portugal, de onde saíram os oficiais e marinheiros das
navegações da Era dos Descobrimentos.
Porta de entrada - em 711, o general mouro Tariq ibn Ziyad
atravessou o mar entre Marrocos e Espanha, desembarcando num cabo rochoso. O
local foi batizado de Jabal Tariq (“Monte Tariq”, em árabe) – nome que mais
tarde seria Gibraltar. Foi daqui que os mouros partiram para invadir a
península.
As rotas da invasão - após o desembarque em Gibraltar, os mouros
tomaram o sul da Espanha e marcharam para Toledo. De lá, avançaram em direção
ao nordeste e ao norte. Logo invadiram também a região central de Portugal e,
em 714, a maior parte da península já estava ocupada.
Reação Cristã - a Batalha de Covadonga, em 720, trouxe a
primeira grande derrota moura. A sua principal personagem foi o espanhol
Pelayo, fundador do reino cristão de Astúrias, que conseguiu resistir a fortes
ataques dos exércitos muçulmanos, muito superiores numericamente.
Marco arquitetónico - a última cidade a permanecer sob o domínio dos
mouros caiu diante dos espanhóis em 1492. O palácio-fortaleza de Alhambra
permaneceu, porém, como a maior herança da sofisticada arquitetura moura na
península Ibérica – as suas fontes, jardins internos e salões com paredes
decoradas por poemas escritos em árabe e louvando Alá são ainda hoje uma das
maiores atrações turísticas da Espanha.
O maior domínio mouro - Granada marcou o limite máximo da expansão
moura no continente europeu. Em 732, os francos, liderados por Charles Martel,
derrotaram os muçulmanos do califado omíada na Batalha de Tours. A vitória de
Martel foi decisiva para a história da Europa, impedindo o avanço muçulmano
mais para o interior da Europa.
Fonte: Super interessante
Antes de reparações às ex-colónias, Portugal tem muito que pagar, pelo roubo de terras árabes e pela apropriação da sua propriedade cultural.
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