Ofensiva russa está a perder força e pode durar apenas "algumas semanas"
Coogan's
Bluff (1968) - Clint Eastwood, Meg Myles
A ofensiva de verão russa está a perder cada vez mais força,
com a Ucrânia a conduzir “uma defesa eficaz” que está a fazer com que as
conquistas territoriais russas sejam obtidas com “perdas significativas”. Estas
perdas, que se estão a acumular, estão a tornar-se cada vez mais difíceis de
repor, o que pode travar novos esforços ofensivos russos já nas próximas
"semanas", antecipam
os analistas do Institute for the Study of
War (ISW).
“A Rússia nunca perdeu tantos homens como durante este verão
e não está a ser capaz de repor, mesmo prometendo bastante dinheiro para
assinar contrato. A conquista de cidades como Vuhledar e a ofensiva em Pokrovsk
estão a sair extremamente caras a Moscovo e esta situação não é sustentável”, explica à CNN
Portugal o major-general
Isidro de Morais Pereira.
Este último esforço ofensivo russo dura há já 12 meses,
depois de a contraofensiva ucraniana ter sido incapaz de atingir os seus
objetivos no verão de 2023. A Rússia não perdeu tempo e lançou o seu próprio
contra-ataque. O primeiro alvo foi a cidade-fortaleza de Avdiivka, na região de
Donetsk, que após vários meses de combates foi conquistada. O esforço russo
manteve-se ao longo de todo o ano de 2024, com o exército a aplicar os seus
recursos em toda a frente.
Este esforço russo produziu alguns ganhos em vários “setores
específicos da frente”. De acordo com os analistas ISW, as forças ucranianas estão a
conduzir uma defesa eficaz em profundidade ao longo da linha da frente,
“infligindo perdas significativas às forças russas enquanto cedem terreno
lentamente”. Esta estratégia impede as forças russas de obterem conquistas rápidas
no campo de batalha.
“As forças russas não dispõem dos recursos humanos e
materiais necessários para continuar a intensificar os esforços ofensivos
indefinidamente, e as atuais operações ofensivas russas no leste da Ucrânia
culminarão provavelmente nos próximos meses, se não semanas”, escreve o ISW na sua mais recente análise da frente de batalha.
Apesar dos esforços redobrados, as alterações na linha da
frente não são tão significativas quanto a Rússia gostaria. Em outubro de 2023, a Rússia ocupava 111,1 mil
quilómetros quadrados de território ucraniano. Um ano depois, as forças russas
conquistaram mais 1600 quilómetros quadrados, ocupando agora uma área 112,7 mil quilómetros quadrados.
Mas em agosto veio um revés. A ofensiva
ucraniana na região de Kursk apanhou as forças russas de surpresa e fez com que
a Rússia perdesse mais de mil quilómetros quadrados do seu território.
Feitas as
contas, nos últimos 12 meses de combates, a Rússia conseguiu conquistar “apenas”
mais 600 quilómetros quadrados do que a Ucrânia, o equivalente à área do município de
Ferreira do Alentejo. Esta conquista corresponde a aproximadamente
0,1% do território ucraniano.
Ainda assim, a Ucrânia continua a ter problemas sérios por
resolver. Particularmente no que toca a falta de militares para repor unidades
que defendem a linha da frente há vários meses. “As forças ucranianas enfrentam
sérios desafios e limitações operacionais, que estão a dar às forças russas
oportunidades de obter ganhos taticamente significativos”, destaca o ISW.
A Ucrânia tem sido capaz de equilibrar o campo de batalha
nos últimos meses, através de uma campanha de bombardeamentos a depósitos de
munições em território russo. Segundo vários bloggers militares ucranianos,
esta estratégia tem levado a uma escassez de munições de artilharia na linha da
frente russa.
Por esse motivo, Zelensky tem redobrado os apelos aos seus
aliados para que sejam levantadas as restrições acerca da utilização de armas
ocidentais de longo alcance para atingir alvos no interior do território russo.
O próprio vice-ministro da Defesa ucraniano Ivan Havryliuk
admite que o campo de batalha está a ficar mais equilibrado neste campo, em
comparação com o início de 2024. "Atualmente, a proporção de uso de
munições de artilharia no campo de batalha diminuiu em comparação ao inverno de
2024, quando a proporção era de 1 [Ucrânia] para 8 [Rússia]. Atualmente, está
em 1 [Ucrânia] para 3 [Rússia]", sublinhou Havryliuk.
Fonte: CNN Portugal, 4 de outubro de 2024
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