Guterres alerta para potencial "limpeza étnica" em Gaza e pede intervenção global
Will & Grace - Chloë Sevigny
Entre ataques atrás de ataques, na passada terça-feira
aconteceu mais um bombardeamento dirigido a Beit Lahiya, onde, num prédio
residencial de cinco andares, houve pelo menos 93 mortos. Entre as vítimas
estavam muitas crianças. Este ataque atraiu a condenação mundial. Os EUA descreveram-no como
"horrível" e a França apelou para o fim do cerco de Israel ao
norte de Gaza.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, levantou
preocupações, alertando que, sem intervenção da comunidade internacional,
Israel pode estar a empreender uma "limpeza étnica" em Gaza.
“Limpeza étnica” em curso
À margem da conferência sobre biodiversidade COP16 na
Colômbia, Guterres elogiou os palestinianos pela sua resiliência e sublinhou
que essa recusa do povo em sucumbir impediu que a "limpeza étnica" se
concretizasse.
Porém, perante os mais recentes ataques israelitas ao norte
do território, o secretário-geral da ONU alerta: "A intenção pode ser para
que os palestinianos deixem Gaza de forma a que outros a ocupem".
“Mas tem havido – e presto homenagem à coragem e à
resiliência do povo palestiniano e à determinação do mundo árabe – [um esforço]
para evitar que a limpeza étnica se torne uma realidade”, acrescentou, citado
no britânico The Guardian.
"Faremos todo o possível para ajudá-los a permanecer no
território e evitar a limpeza étnica que pode ocorrer se não houver uma forte
determinação da comunidade internacional", apelou Guterres.
Já na semana passada, durante os encontros com o secretário
de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da
Jordânia, Ayman Safadi, alegou que a limpeza étnica já está a acontecer em
Gaza. O exército israelita tem negado tentar sistematicamente expulsar os
palestinianos do território.
Porém, para agravar a situação, na segunda-feira, o
Parlamento israelita votou favoravelmente a proibição das operações da UNRWA
nos territórios palestinianos durante os próximos três meses, desafiando apelos
globais quase unânimes. Desta forma, a distribuição de ajuda em Gaza e na
Cisjordânia será ainda mais impedida.
Entretanto, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant,
exortou as Forças de Defesa de Israel a “continuarem a exercer a máxima pressão possível sobre o Hamas"
para tentar resgatar os reféns israelitas.
Por sua vez, o diretor do Mossad, David Barnea, encontrou-se
com o homólogo norte-americano da CIA, Bill Burns, e o primeiro-ministro do
Catar, Mohammed Al Thani, em Doha, no início da semana. Em cima da mesa estaria
uma nova proposta para que haja um curto período de tréguas, permitindo algum
descanso civil e o regresso dos reféns do Hamas. Ao cabo de cinco meses de
negociações, não há qualquer sina de progresso.
Fonte: RTP, 31 de outubro de 2024
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