Pinho nomeou namorada de Mexia para cargo público em 2009. Estado pagou-lhe 176 mil euros




Guta Moura Guedes na capa do disco dos bit (este nome deriva não de qualquer linguagem de computador; em 1983, quando a banda foi formada, algo distante do quotidiano português, mas do facto de no Porto trocarem os “vês” pelos “bês”. Ontem bi-te em São Domingos de Rana)

O Ministério Público acredita que a nomeação de Guta Moura Guedes fazia parte do alegado acordo entre Manuel Pinho e António Mexia para a garantia de projetos futuros na EDP para o então ministro.

Em 2009, a especialista em design Guta Moura Guedes foi nomeada para liderar um programa artístico no Algarve, num processo que, segundo o Ministério Público, estaria envolvido num alegado esquema de corrupção.

A nomeação, feita pelo então ministro da Economia Manuel Pinho, é considerada parte de um “pacto corruptivo” estabelecido entre Pinho e o administrador da EDP, António Mexia, que na época namorava com Guta Moura Guedes. Segundo a acusação, o ministro visava favorecer Mexia para garantir apoio financeiro da EDP a projetos futuros, nomeadamente à sua carreira académica pós-governo.

Através de um ajuste direto, o Turismo de Portugal pagou 176 400 euros pelo trabalho de Guta Moura Guedes, que teve uma duração de nove meses e foi inserido no programa Allgarve, criado por Pinho em 2007 para promover a cultura e o turismo na região.

A nomeação de Guta foi feita através da sua empresa, Câmara Alta – Consultoria e Design Estratégico, em substituição da Fundação Serralves, que anteriormente prestava serviços semelhantes. Além de liderar a bienal ExperimentaDesign, Guta Moura Guedes já tinha experiência como membro do conselho de administração do Centro Cultural de Belém.

O Ministério Público aponta que, apesar das qualificações de Guta, a sua contratação teria tido como objetivo fortalecer o “pacto” com Mexia. A acusação detalha que Guta Moura Guedes fez várias visitas ao gabinete do ministro, evidenciando o vínculo pessoal e de proximidade entre as partes.

Questionada pelo Público, Guta Moura Guedes refuta as alegações, afirmando que as acusações do MP são “mentiras sem qualquer fundamento”.

Fonte: ZAP, 31 de outubro de 2024

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