Aviões de Putin levaram à força mais de 300 crianças da Ucrânia para a Rússia

Johnny Oro (1966) - Loris Loddi

Além dos aviões, fundos da presidência russa foram utilizados diretamente para transportar as crianças, retirar-lhes a identidade ucraniana e colocá-las em famílias russas. Tudo faz parte de um programa de “russificação”, sugere uma nova investigação

“A deportação de crianças ucranianas é parte de um programa sistemático, liderado pelo Kremlin”, numa tentativa de “russificação”. Esta é uma das conclusões da investigação da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, patrocinada pelo Governo dos Estados Unidos, que atribui a Vladimir Putin um papel central no processo.

Aviões presidenciais e fundos da presidência russa foram utilizados diretamente para transportar as crianças, retirar-lhes a identidade ucraniana e colocá-las em famílias russas, segundo o mesmo estudo, citado pela agência Reuters. Apenas nos primeiros meses de guerra, foram identificados 314 menores levados das zonas ocupadas pelas tropas russas.

O Tribunal de Penal Internacional (TPI), que não é reconhecido pela Rússia, já tinha emitido mandatos de captura contra Vladimir Putin e a sua comissária para os Direitos das Crianças, Maria Lvova-Belova, em março de 2023, pelo alegado crime de deportação de crianças ucranianas.

Na altura, Maria Lvova-Belova alegou que a comissão que lidera agiu por razões humanitárias, de modo a proteger crianças que viviam em zonas de guerra.

Investigação apresentada na ONU

O diretor-executivo do Laboratório de Pesquisa Humanitária da Universidade de Yale, Nathaniel Raymond, vai apresentar esta quarta-feira a nova investigação ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde a Rússia é um dos cinco membros permanentes. A expectativa é que o relatório dê força ao mandato do TPI.

Através da rede social X, o presidente ucraniano reagiu aos novos dados apresentados pela instituição norte-americana. “A Ucrânia está a trabalhar incansavelmente para garantir que as nossas crianças regressem a casa e que todos os responsáveis por estes crimes hediondos sejam punidos”, afirmou Volodymyr Zelensky.

A Ucrânia estima que cerca de 19 500 crianças foram levadas para a Rússia ou para a Crimeia desde o início da guerra. O estudo da Universidade de Yale não avança com os mesmos números, mas confirma que o Kremlin começou a levar menores ucranianos nos dias que antecederam a invasão, em fevereiro de 2022.

A investigação, baseada em três bases de dados de adoção do Governo russo ao longo de mais de 20 meses, conseguiu confirmar a identidade de 314 crianças retiradas pela Rússia, muitas das quais o paradeiro é agora desconhecido.

Fonte: SIC Notícias, 3 de dezembro de 2024

O horrível crime de guerra contra o altruísta respeito pelos valores ocidentais. Pelo menos, em Gaza, não há crianças com paradeiro desconhecidos, as democracias sabem que estão no inferno.  

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou que o conflito é uma “guerra contra as crianças” e o futuro delas. Ele descreveu como "espantosos" os dados mais recentes da autoridade de saúde de Gaza, indicando que pelo menos 12,3 mil jovens morreram no enclave nos últimos quatro meses, em comparação com 12,1 mil em todo o mundo entre 2019 e 2022.

Fonte: ONU News, 13 de março de 2024

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