EUA impõem novas restrições ao envio de chips para a China

 

Johnny Oro (1966) - Valeria Fabrizi

A situação de tensão entre os governos dos Estados Unidos e da China continua a agravar-se. Nas últimas semanas, as autoridades americanas têm estado a investigar uma potencial campanha de pirataria informática nas plataformas de telecomunicações do país. Agora, os EUA estão a impor novas restrições ao envio de chips para a China.

O novo conjunto de restrições impede até 140 empresas norte-americanas de exportar semicondutores para empresas chinesas. Extraoficialmente, a decisão pode ser uma reação ao facto de a Huawei ter conseguido contornar as restrições para obter chips de IA fabricados com tecnologia dos EUA. O gigante chinês terá recorrido a empresas terceiras para o efeito. Assim, os Estados Unidos poderiam estar a alargar o âmbito das restrições para evitar situações semelhantes no futuro.

A nova medida de Washington parece ter como objetivo impedir a China de receber chips de IA, que poderia utilizar para aumentar o seu poder militar. De facto, proíbe especificamente o envio de chips de memória de alta largura de banda (HMB). Estes chips são normalmente utilizados em hardware dedicado ao treino de IA. As restrições também afetam 24 outras ferramentas de fabrico de chips e três ferramentas de software. Esta é a terceira vez em três anos que a administração Biden aumenta as restrições ao comércio de chips contra a China.

As restrições significam que as empresas terão de solicitar uma licença para fazer negócios com empresas chinesas. Mas a tendência de Washington, desde há algum tempo, tem sido a de revogar licenças em vez de as conceder.

Um novo golpe potencial para a Huawei

É de salientar que as restrições dos EUA não afetam apenas as empresas americanas. Também afetam as empresas que utilizam tecnologia americana para operar. Por exemplo, a ASML, uma marca holandesa que fornece máquinas de litografia para a produção de chips, está na lista. A ASML afirmou que as novas restrições não afetarão as suas projeções financeiras. A empresa já tinha deixado de enviar máquinas de litografia modernas para a China. No entanto, a ASML terá de deixar de enviar tecnologia mais antiga, como as máquinas de litografia ultravioleta profunda (DUV).

De acordo com as informações, a SMIC está a utilizar máquinas DUV para produzir chips. A SMIC é a empresa chinesa que fabrica os chips Kirin da Huawei. Afinal, as restrições impedem a Huawei de encomendar a produção de chips à TSMC e à Samsung Foundry.

As fábricas da SMIC já estavam a lutar para produzir em massa chips de 7nm e não têm conseguido utilizar wafers de 5nm por não terem acesso a máquinas modernas. Resta saber se as novas restrições também terão um impacto negativo no fabrico de chips Kirin.

Veremos como a China vai reagir a esta questão dos chips e dos EUA.

Fonte: Leak, 3 de dezembro de 2024

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