"Estamos a enfrentar um tipo de guerra diferente". Grécia anuncia "a transformação mais drástica" na história das suas forças armadas

Perry Mason (1957-1966) – Lillian Bronson

A Grécia prepara-se para a "transformação mais drástica na história das forças armadas do país", declarou o primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis, ao anunciar um investimento de 25 mil milhões de euros na defesa estratégica do país.

“O mundo está a mudar a um ritmo sem precedentes”, declarou Mitsotakis. “Estamos a enfrentar um tipo de guerra diferente daquele a que estamos habituados - pelo menos daquele a que as nossas forças armadas estavam habituadas", acrescentou.

Reconhecendo que os equipamentos militares precisam de ser renovados, o primeiro-ministro explicou que a nova estratégia de defesa da Grécia, que tem um horizonte de 12 anos, até 2036, visa essencialmente a integração de tecnologias de defesa avançadas, passando pela aquisição de drones, satélites de comunicação, bem como uma cúpula de defesa antimíssil, antiaérea e antidrone designada “Escudo de Aquiles”.

A nova estratégia tem como objetivo modernizar as forças armadas da Grécia, numa altura em que o país emerge de uma crise financeira que dura há vários anos e em que tenta acompanhar os avanços da defesa do seu vizinho e rival histórico - a Turquia.

A decisão surge também no momento em que os Estados-membros da NATO estão a ser fortemente pressionados a gastar mais em defesa. A Grécia já contribui com mais de 3% do PIB para a defesa - mais do dobro da média da União Europeia.

Kyriakos Mitsotakis tem sido uma das vozes mais críticas da abordagem europeia para a defesa, descrevendo o continente europeu como "geopoliticamente ingénuo" e incapaz de "compreender os contextos geopolíticos" atuais.

Tanto que acabou por dar razão a Donald Trump, quando o presidente norte-americano afirmou que a Europa deixou a sua segurança nas mãos dos EUA, desresponsabilizando-se nessa matéria: “Em 2017, o então e atual presidente dos EUA, na sua forma peculiar de se expressar, disse uma grande verdade: que após a queda do Muro [de Berlim] e o colapso do socialismo, a Europa cedeu as suas obrigações de defesa aos Estados Unidos, sem que a UE cumprisse a sua obrigação para com a NATO."

Recentemente, a Comissão Europeia anunciou que irá suspender as regras orçamentais que obrigam os países da UE a manterem os seus défices públicos abaixo de 3% do PIB de modo a aumentarem os gastos com a defesa, no âmbito do programa "ReArmar a Europa".

Apesar de considerar a medida positiva, o primeiro-ministro grego avisa que a mesma não significa "rédea solta" na contenção. "A flexibilidade deve ser utilizada com moderação para não descarrilar o nosso caminho", declarou, num discurso no parlamento grego.

Fonte: CNN Portugal, 3 de abril de 2025

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