Rebeldes contra o futuro
Perry Mason
(1957-1966) – Margaret Field, Joe De Santis
A
judicialização da luta política, usando o aparelho judicial como instrumento
golpista e as sentenças dos Tribunais para anular o sufrágio popular, é o
abismo. Bem dizia Vance: os países europeus têm
medo dos seus eleitores
Há uma enorme vantagem na interdição de Le Pen concorrer às
presidenciais francesas. E uma pequena benesse. Muita gente — até agora
anestesiada — percebe que, afinal, a democracia europeia é, neste momento, uma
ficção. E que estamos perante um golpe de Estado. Pessoas
que engoliram acefalamente narrativas tão esdrúxulas como o impedimento do
candidato romeno ou a golpada no parlamento alemão, começam a
despertar para a verdade. Ótimo. Sejam todos muito bem vindos à luta contra os
globalistas. Percebam, por fim, que hoje não
existe esquerda ou direita mas tão só elites contra o povo. Já o
benefício extra é confirmar que André Ventura não passa de um globalista com
pele de cordeiro, como já tinha revelado na covid.
Adiante. Em novembro de 1920, nos EUA, Eugene V. Debs recebeu
um milhão de votos na sua candidatura presidencial, enquanto estava preso por
protestar contra a I Guerra Mundial. Le Pen
não foi condenada por tão nobres motivos, mas quase. Teve assessores do
Parlamento Europeu a trabalhar para o partido. O delito cometido (perpetrado por todos os partidos portugueses, Bloco de
Esquerda com a filha de Louçã, incluído), não justifica a proibição
de se candidatar. A execução imediata da pena provisória sem direto a recurso
visa um objetivo político que é o bloquear a candidatura. Isto porque Le Pen
representa uma frontal discórdia da Europa que quer empurrar-nos para a III
Guerra Mundial, a que devolverá os nossos filhos em sacos do lixo. Ou pior. Eis
um esquema para ganhar na secretaria, que alimenta ódios e extremismos. É
batota rasca. Os vereditos dos tribunais são as novas eleições populares livres
e justas. Até as urnas foram usurpadas pelas
elites.
De resto, como mostra a história de Eugene ou qualquer
grelha de valores democráticos sólida, um condenado continua a ser um cidadão e
candidatar-se é um direito de cidadania.
Esta judicialização da luta política, na qual o aparelho
judicial é usado como instrumento golpista e reacionário, na qual as sentenças
dos Tribunais substituem o sufrágio popular, é o abismo. Bem dizia JD Vance que
os países europeus têm medo dos seus próprios eleitores.
Conclusão, doa a quem doer: a
Europa é hoje um estado totalitário que só permite um pensamento único.
Não é uma ditadura clássica, baseada num único partido, porque o ataque veio de
dentro, da oligarquia. A Europa é uma distopia
de elites que controlam o sistema político, económico, judicial e os média, em
conluio com as elites académicas e culturais, dominando,
naturalmente, toda a vida dos cidadãos. Não há qualquer respeito pela soberania
do povo, não há consideração da vontade popular, não há democracia real. E para
quê?
Bom, depois da crise do subprime, em 2008, após a grande expropriação na covid,
segue-se agora a terceira
etapa de usurpação de recursos públicos em nome da guerra, à qual se
seguirá a final expropriação da propriedade privada. É para isso que serve o
globalismo. Para drenar e saquear tudo de quase todos.
“Não terás nada e serás feliz”,
anunciam os globalistas. Assim será, a não ser que os milhões que não estão
representados mais outros tantos acordados comecem por resgatar o que mais têm
de seu: a sua soberania. A não ser que se rebelem contra o futuro. Ainda hoje.
Joana Amaral Dias
Fonte: Sapo 24, 2 de abril de 2025
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