Antigo espião e amigo de Putin planeia reiniciar o Nord Stream 2 com o apoio dos EUA

Perry Mason (1957-1966) – Carol Nugent

Plano permite, em teoria, que os EUA tenham controlo sobre o fornecimento de energia à Europa

Um antigo espião e amigo próximo de Vladimir Putin tem estado a preparar o regresso do gasoduto russo Nord Stream 2 para a Europa com o apoio de investidores norte-americanos. Segundo o Financial Times, que cita fontes ligadas ao processo, esta é mais uma decisão que mostra a reaproximação de Washington DC e Moscovo.

O plano está a ser elaborado por Mattthias Warnign, um antigo oficial da Stasi na Alemanha de Leste que, até 2023, foi responsável pela gestão da empresa-mãe do Nord Stream 2 para a Gazprom, empresa de gás russo. A ideia passa por atrair investidores norte-americanos com a ajuda da administração Trump, explica o Financial Times.

Recorde-se que um dos dois gasodutos do Nord Stream 2 foi destruído na sequência de ataques de sabotagem em setembro de 2022, que destruíram ambos os gasodutos do seu projeto-irmão mais velho, o Nord Stream 1. O outro gasoduto, o Nord Stream 2, que tem uma capacidade anual de 27,5 mil milhões de metros cúbicos de gás natural, não foi danificado, mas nunca foi utilizado.

O plano que está a ser desenhado permite, em teoria, que os EUA tenham controlo sobre o fornecimento de energia à Europa, adiantaram ao Financial Times fontes ligadas ao projeto, depois de os países da UE terem tomado medidas para acabar com a sua dependência do gás russo na sequência da invasão.

O plano já chegou aos corredores de Bruxelas. Segundo o jornal norte-americano, altos funcionários da União Europeia (UE) tomaram conhecimento das discussões sobre o plano para o Nord Stream 2 e dirigentes de vários países europeus manifestaram preocupação com o projeto.

Para que o plano avançasse, seria necessário que os EUA levantassem as sanções contra a Rússia e que esta concordasse em retomar as exportações que bloqueou nos últimos três anos. Além disso, a Alemanha também teria de autorizar a entrada do gás russo para o acesso de qualquer potencial comprador na Europa.

No âmbito deste plano, os investidores norte-americanos receberiam "dinheiro a troco de nada" e a administração norte-americana consideraria a Rússia como um aliado "fiável", uma vez que está dependente do apoio de "norte-americanos de confiança", explicou ao Financial Times um antigo alto funcionário dos EUA, que teve conhecimento de alguns dos detalhes do plano e que falou sob condição de anonimato.

Em declarações ao Financial Times, Mattthias Warnig garante que “não esteve envolvido em quaisquer discussões com quaisquer políticos americanos ou representantes de empresas”, acrescentando que estava “a seguir as regras a este respeito [como] uma pessoa sancionada pelos EUA”.

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, diz não ter informações sobre quaisquer conversações relacionadas com o respetivo gasoduto. A Gazprom não quis comentar.

Warnig, 69 anos, explicou que se tornou um amigo próximo de Putin nos anos 90, depois de ter aberto um escritório para o banco Dresdner em São Petersburgo, onde o então desconhecido Putin dirigia o comité de relações internacionais da cidade.

Os dois tornaram-se tão próximos que Putin pediu a Warnig que acolhesse as suas filhas em casa do banqueiro, em Rödermark, quando a mãe ficou gravemente ferida num acidente de viação.

Fonte: CNN Portugal, 6 de marco de 2025

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