China já lançou contramedidas para travar guerra comercial com os Estados Unidos
Perry Mason
(1957-1966) – John Bryant, Jean Willes
A
Administração Trump aplicou taxas alfandegárias adicionais de 34% sobre as
importações oriundas da China, Pequim admitiu que a medida terá impacto na
economia chinesa, mas ressalvou que já vinha a preparar-se para o momento
O jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) admitiu,
esta segunda-feira, que as taxas impostas por Washington terão impacto na
economia chinesa, mas ressalvou que a liderança em Pequim já vinha a
preparar-se para este momento.
“Embora os mercados internacionais considerem, de modo
geral, que os abusos tarifários dos Estados Unidos excederam as expectativas, o Comité Central do Partido já tinha previsto esta nova
ronda de contenção e repressão económica e comercial contra a China, estimou
plenamente o seu potencial impacto e preparou planos de resposta com tempo de
antecipação e reservas suficientes”, afirmou o Diário do Povo.
Reconhecendo que a aplicação de taxas alfandegárias
adicionais de 34% sobre as importações oriundas da China, além das taxas de 20%
impostas anteriormente, resultará numa “redução do comércio bilateral com os
EUA” e num “impacto negativo a curto prazo para as exportações”, o jornal
lembrou que “muitos produtos dos EUA têm elevada dependência da China”.
“Os EUA dependem da China não
só para muitos bens de consumo, mas também para investimento e produtos
intermédios, com uma dependência superior a 50% em várias categorias,
o que torna difícil encontrar alternativas no mercado internacional a curto
prazo”, lê-se no editorial.
Exportações da China para os EUA em queda
A percentagem das exportações da China para os Estados
Unidos, em relação ao total das suas vendas externas, caiu de 19,2%, em 2018, para 14,7%, em 2024.
Parte desta queda deve-se ao ‘comércio triangular’, no qual os produtos são
exportados quase concluídos da China para outros países, incluindo Vietname,
Tailândia ou Camboja, onde é acrescentado um componente ou acabamento, visando
alterar o local de fabrico, visando contornar as taxas. O jornal não refere
este fenómeno.
O Diário do Povo lembrou que, nos últimos anos,
“apesar das pressões internas e externas”, Pequim “tem persistido em fazer
coisas difíceis, mas corretas”, incluindo desalavancar o setor imobiliário e
reduzir o endividamento das administrações locais e das pequenas e médias
instituições financeiras.
“Estes três grandes riscos foram eficazmente controlados e
contidos e estão a diminuir”, assegurou.
Apontando a “grande dimensão” da economia chinesa, o jornal
lembrou que a China dispõe de instrumentos de política monetária, como a
redução do rácio de reservas obrigatórias e das taxas de juro, para estimular o
consumo interno com uma “força extraordinária”, o que permitiria ao país
asiático reduzir a sua dependência das exportações.
Mercado interno com margem de manobra
“O mercado interno tem uma ampla margem de manobra”, afirmou
o jornal oficial do PCC. E sublinhou ainda a capacidade do país para
transformar o efeito adverso das medidas dos EUA num “impulso” para acelerar a
transformação económica e a “inovação industrial”.
“Estrangular, reprimir e
restringir apenas forçará a China a acelerar os avanços tecnológicos
fundamentais em áreas-chave”, avisou.
Pequim lançou na passada sexta-feira várias contramedidas às
taxas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
As medidas de Pequim incluem taxas de 34% sobre produtos
oriundos dos EUA, sanções contra empresas norte-americanas, restrições à
exportação de certas terras raras ou a abertura de investigações antimonopólio
e ‘antidumping’ contra empresas e produtos norte-americanos.
“Perante a inconstância e a pressão extrema dos Estados
Unidos, não fechámos a porta às negociações”, apontou o Diário do Povo.
“Mas também não alimentamos esperanças, tendo feito vários preparativos para
responder aos impactos”, esclareceu.
Fonte: Expresso, 7 de abril de 2025
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