Novo passo na guerra: soldados norte-coreanos preparam tudo para entrar na Ucrânia
Perry Mason (1957-1966) – Peggy Maley
A guerra na Ucrânia pode
estar prestes a entrar numa nova fase e a mudar de tom. Segundo a emissora alemã ZDF, a Rússia começou
a transferir sistemas de artilharia de longo alcance fornecidos pela Coreia do
Norte para a Crimeia, território ucraniano anexado pela Federação Russa em
2014. Trata-se de uma escalada significativa da colaboração militar entre
Moscovo e Pyongyang, e um indício claro de que o
envolvimento norte-coreano no
conflito pode estar prestes a expandir-se dramaticamente.
Imagens divulgadas online no dia 26 de março mostram canhões autopropulsados norte-coreanos Koksan
a serem transportados por comboio através do norte da Crimeia. Estes canhões de
170 milímetros são considerados dos mais
potentes do mundo em termos de alcance: conseguem atingir alvos a 40
quilómetros com munições convencionais e até 60 quilómetros com projéteis
assistidos por foguete.
Até agora, os militares norte-coreanos só tinham sido
avistados na região russa de Kursk, junto à fronteira com a Ucrânia, onde
Moscovo lançou uma contraofensiva em agosto de 2024. No entanto, com os avanços
recentes da Rússia naquela zona, fontes da ZDF afirmam que Pyongyang poderá agora deslocar tropas para a Crimeia,
de onde terão alcance para atingir posições estratégicas ucranianas no sul -
nomeadamente nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia.
Analistas militares ocidentais alertam para a ameaça real que os Koksan representam se forem posicionados em Zaporizhzhia,
parcialmente controlada pela Rússia. O seu poder de fogo poderá mudar o
equilíbrio no sul do país, dificultando ainda mais a resistência ucraniana.
Segundo a ZDF, a Coreia do Norte terá
já fornecido à Rússia até 200 destas peças de artilharia - cinco das
quais foram destruídas por drones ucranianos durante a campanha em Kursk. Além
disso, Pyongyang enviou um contingente militar significativo: cerca de 11 mil soldados norte-coreanos foram confirmados no
terreno em finais de 2024. Estima-se que quatro mil tenham sido
mortos ou feridos, mas, em 2025, a Coreia do Norte reforçou
a presença com mais três mil militares.
No entanto, o apoio de Kim Jong-Un a Vladimir Putin vai
muito além da força humana. Pyongyang está a
abastecer Moscovo com um arsenal
vasto que inclui mísseis balísticos de curto alcance, sistemas de artilharia
autopropulsada e mais de 200 lançadores múltiplos de rockets.
Esta aliança militar intensificada ganhou novo fôlego após a
visita de Putin a Pyongyang no verão de 2024. Nessa altura, os dois líderes
assinaram um acordo de parceria estratégica que prevê apoio mútuo em caso de
ataque a qualquer dos países. Mais recentemente, no passado mês de março, o
chefe do Conselho de Segurança russo, Sergei Shoigu, esteve na capital
norte-coreana, onde Kim Jong-un reafirmou o seu “apoio total” ao lado russo do
conflito na Ucrânia.
A comunidade internacional assiste com crescente preocupação a esta
aproximação. Os especialistas alertam que este eixo Moscovo-Pyongyang ameaça
não só prolongar a guerra, como comprometer os esforços de sanções
internacionais que visam travar as ambições militares de ambos.
Fonte: CNN Portugal, 7 de abril de 2025
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