Sabotagem disfarçada: como brinquedos sexuais explosivos e cosméticos expuseram uma operação secreta russa na Europa
Ariana Ess, tcc ArinaFox / Ari / AriaVix / ArianaEss / Arina
Fox / FoxyElf / MaikFox – olhos castanhos, cabelo ruivo, nascida a 20 de fevereiro
de 2004 na Polónia
Uma
investigação revela os bastidores de uma operação de sabotagem russa, que
envolvia o envio de explosivos camuflados para países europeus e da América do
Norte. O esquema foi desmantelado graças a uma colaboração internacional sem
precedentes
Uma investigação divulgada pelo jornal britânico The
Guardian revela novos detalhes sobre uma sofisticada campanha de sabotagem
atribuída aos serviços secretos russos, a GRU, que terá envolvido o envio de
encomendas contendo explosivos disfarçados de produtos
inofensivos,
como brinquedos sexuais e cosméticos.
A operação terá sido coordenada a partir de solo europeu por
indivíduos recrutados através da aplicação Telegram e culminou com a detenção
de vários suspeitos em diferentes países, incluindo aquele que é considerado o
principal responsável, Alexander Bezrukavyi.
Em novembro de 2024, Bezrukavyi foi intercetado numa pousada
na cidade fronteiriça de Bosanska Krupa, na Bósnia-Herzegovina, após três meses
em fuga. Acusado de trabalhar para a inteligência militar russa, foi
extraditado para a Polónia em fevereiro de 2025, onde enfrenta acusações de
coordenação de atos de sabotagem e uso de materiais incendiários.
O grupo de que Bezrukavyi fazia parte operava a partir da
Polónia e da Lituânia, sendo responsável pelo envio de várias encomendas por
via aérea, algumas das quais explodiram em locais como Birmingham (Reino
Unido), Leipzig (Alemanha) e nos arredores de Varsóvia (Polónia).
O conteúdo dos pacotes, aparentemente inócuo, incluía
vibradores, lubrificantes, almofadas de massagens e tubos de cosméticos —
alguns destes adaptados para conter substâncias inflamáveis como magnésio ou
nitrometano.
As autoridades ocidentais consideram que estas explosões
constituíram um risco real para a aviação comercial, já que muitas destas
encomendas eram transportadas em aviões de carga que partilham espaço com
passageiros. O alarme foi tal que altos
responsáveis da administração de Joe Biden contactaram diretamente o Kremlin,
exigindo o fim imediato da operação.
As investigações levaram à descoberta de uma rede coordenada
por um utilizador da aplicação Telegram identificado como “VWarrior”,
alegadamente um agente da GRU. Este recrutava indivíduos com antecedentes
criminais e em dificuldades financeiras, oferecendo-lhes pagamentos em
criptomoeda por serviços de transporte de encomendas entre países europeus.
Entre os cúmplices estavam cidadãos ucranianos e russos, com ligações ao
submundo criminal e ao contrabando transfronteiriço.
O plano, segundo as autoridades polacas, não visava apenas a
Europa: houve tentativas de envio de encomendas para os Estados Unidos e
Canadá, numa possível preparação para atos de sabotagem de maior escala fora do
continente europeu. Aparentemente, algumas dessas remessas funcionariam como
“testes” logísticos, com bens como roupa desportiva, para aferir tempos de
entrega e reações alfandegárias. Uma das formas de envio era através da DHL.
A operação de contrainteligência envolveu autoridades de
diversos países europeus, incluindo a Polónia, Alemanha, Reino Unido, Espanha,
Lituânia e Bósnia-Herzegovina.
Fonte: Sapo 24, 5 de maio de 2025
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