Pedro Pina, vice-presidente do YouTube: “No dia em que saí do armário, decidi que só ia trabalhar em empresas que me aceitem como eu sou”
Will &
Grace - Eric McCormack, George Takei
É português, vice-presidente do YouTube na região da Europa,
Médio Oriente e África e um
dos executivos LGBT mais influentes do mundo. A progressão na
carreira nunca foi uma prioridade para Pedro Pina. O que sempre norteou o seu
caminho foi a vontade de ser
feliz e ter o
privilégio de trabalhar a fazer o que gosta. É o convidado deste episódio do
podcast “O CEO é o limite”
Diz de si próprio que tem “muito poucas qualidades”, mas uma
que sempre teve foi a capacidade
para “fazer acontecer”. E esse é, na verdade, um dos pilares da
carreira que foi construindo, maioritariamente fora de Portugal. O outro,
garante, Pedro Pina, atual vice-presidente do YouTube para a região da Europa,
Médio Oriente e África (EMEA), é a capacidade de priorizar o que deve ser priorizado. "Depois de ter filhos, eu
jamais sacrificaria o quadro de valores onde os meus filhos vão viver, porque
tenho uma oferta de trabalho fantástica”, aponta.
Formado em Gestão e Administração de Empresas na Universidade Católica, com
um MBA pelo INSEAD, Pedro Pina iniciou a carreira em Portugal, na Procter & Gamble, mas
não demorou muito a abraçar um desafio na casa-mãe da empresa, em Londres. Daí
rumou aos Estados Unidos, para integrar a Pepsi e trabalhar a marca no mercado latino, a
partir de Miami, na Flórida. No passaporte carimbou ainda destinos como o
Brasil, onde liderou o Marketing da Pizza Hut, na América Latina.
Apesar do percurso, explica que a sua ambição nunca foi
trabalhar fora de Portugal. "O que eu queria mesmo era viver fora de
Portugal, que é diferente. Trabalhar é uma das várias coisas que fazemos para
viver, mas a decisão era viver fora de Portugal", sublinha. O gosto e a curiosidade por novos
contextos e
culturas ditaram muitos dos desafios profissionais que aceitou, muito mais do
que as oportunidades de progressão ou os cargos que lhe ofereciam.
"A minha escolha não tinha nada a ver com onde é que a
minha carreira vai ter futuro? Isso é indiferente, porque a nossa carreira terá
sucesso se adorarmos o que fazemos", realça. O ponto de partida, sublinha,
“é eu estar a fazer uma coisa que eu adoro. O que evidentemente é um privilégio
e não tenho a certeza de que seja um privilégio que toda a gente pode ter”.
Talvez por isso, aos 28 anos, quando se assumiu como gay, tenha tomado uma
decisão quando ao rumo do seu percurso profissional: só trabalhar em empresas
que o aceitassem como é. Hoje
faz da promoção da diversidade a sua bandeira. Não pelo valor
económico dessa diversidade para as empresas - “esse é um argumento que não me
interessa nada”, nota - mas pelo modelo de gestão em que acredita: “eu tenho de
caminhar no escritório, olhar à volta e ver a rua, ver os utilizadores que estou
a servir". Isso, garante "torna-nos melhores”.
Fonte: Expresso, 28 de outubro de 2024
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