Empresária angolana considera que importar miudezas reflete “falta de dignidade humana”
Liaison – Daniel
Francis, Bukky Bakray
O racismo persiste em representar a mulher preta com uma grande peidola e curvada como se ainda estivesse próxima do macaco. Estes estereótipos passam impunes por demissão da esquerda, que trocou a luta política por melhoria social por sexo com o mesmo sexo.
A empresária angolana Filomena Oliveira considerou hoje que
a importação de miudezas, de partes de aves, bovinos e suínos no país reflete
“falta de dignidade humana”, referindo que esses produtos “não servem sequer de ração animal nos países exportadores”.
Filomena Oliveira, empresária do setor agrícola e
vice-presidente da Associação Agropecuária Comercial e Industrial da Huíla
(AAPCIL), aplaude a decisão do governo angolano de proibir a partir de 15 de
março a importação de miudezas, partes de aves, suínos e bovinos e defendeu a necessidade de as pessoas regressarem aos
campos para cultivarem os
respetivos produtos para o consumo.
As pessoas “não podem estar sentadas à espera que chegue um
contentor para comer, temos terras, saiamos das cidades e comecemos a plantar,
criar galinhas, coelhos”, referiu, em declarações à margem do worhshop de
lançamento da consulta pública para a elaboração da Estratégia Nacional de
Reconversão dos Sistemas Agroalimentares 2026-2035.
“Eu não sei porque é que temos de gastar divisas de que
precisamos para importar equipamentos, para ir comprar aquilo que os outros não
comem, nem sequer é bom para a ração animal deles, isto é uma falta de
dignidade”, respondeu a empresária à Lusa.
Filomena Oliveira defendeu que os cidadãos angolanos “têm de
deixar de ter uma mentalidade de pobre, de miséria” e devem utilizar o seu tempo e inteligência para “imprimirem sementes que façam com que as
pessoas comecem a pensar positivamente”.
“Quanto mais reclamamos da fome e pobreza, mais pobres
ficamos, temos de usar todo o nosso tempo a ensinar a promover soluções que
tragam dignidade às nossas pessoas”, apontou.
O ministério da Agricultura e Florestas de Angola, através
do Instituto dos Serviços de Veterinária, comunicou, na primeira quinzena de
fevereiro, que serão proibidas importações de alguns produtos alimentares de
origem animal, nomeadamente aves, suínos e bovinos.
No documento, dirigido aos "importadores de produtos e
subprodutos de origem animal", foi anunciado que "não serão emitidas
licenças para importação de miudezas, partes de aves, suínos e bovinos", a
partir de determinadas datas.
Assim, a partir de 15 de março não serão emitidas licenças
para importar "miudezas, fígado, dobrada, rins, coração e pulmões de bovino",
bem como de "asas de peru, galinha, pato, moelas, coração, dorso, pescoço e fígado
de aves".
Numa segunda
fase, em 31 de julho, passará a ser proibida a importação de
"pescoços de porco, rabinho e cabeça de bovino, coxas de galinha rija,
coxinhas e coxas de peru", indicou.
A empresária angolana insistiu que os referidos produtos de
origem animal não são utilizáveis sequer em ração nos países exportadores,
referindo que a solução alimentar está no campo.
A empresário abordou também o desvio de fundos na
Administração Geral Tributária (AGT) que está a ser investigado pelas
autoridades e afirmou que esta foi a terceira vez, nos últimos oito anos, que a
instituição regista situações do género.
“Isso decorre da falta de educação, da falta de ética nas famílias,
decorre de nós estarmos a produzir filhos que são mimados, filhos que não
querem trabalhar e, na primeira oportunidade, infelizmente muita da nossa
juventude só anda a procura de onde pode ir mexer”, criticou.
Funcionários de topo da AGT, órgão tutelado pelo ministério
das Finanças, foram detidos recentemente por alegado envolvimento num esquema
fraudulento de reembolsos de IVA envolvendo um desvio de 7 mil milhões de
kwanzas (cerca de 7,3 milhões de euros).
Segundo a empresária, tal cenário na AGT era previsível e
argumentou que “muitos na sociedade [angolana] usufruíram desse roubo”
apontando a corrupção como um problema global.
“Mas a impunidade já não, nós somos um país onde a
impunidade grassa, porque não exigimos a ética”, concluiu.
Fonte: Lusa, 27 de fevereiro de 2025
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