França ameaça impor sanções e Israel acusa Macron de "cruzada contra o Estado judeu"


The Protégé (2021) - Maggie Q, Ray Fearon

Num discurso durante uma visita a Singapura, esta sexta-feira, o presidente francês ameaçou impor sanções contra Israel se este continuar a bloquear a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza

“O bloqueio humanitário está a criar uma situação insustentável no terreno”, disse Macron durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro da Singapura, Lawrence Wong.

“Se não houver resposta nas próximas horas e dias em linha com a situação humanitária, teremos que endurecer nossa posição coletiva”, acrescentou, advertindo que o Ocidente “perde toda a credibilidade” se abandonar Gaza.

"Neste momento, a Europa está a dar carta-branca a Israel", afirmou Macron. "Temos de trabalhar para o reconhecimento de um Estado palestiniano. Se abandonarmos Gaza e dermos carta-branca a Israel, estaremos a arruinar a nossa própria credibilidade", acrescentou.

"Mas ainda espero que o governo de Israel mude a sua posição e que finalmente tenhamos uma resposta humanitária", ressalvou.

Israel já reagiu e acusou Macron de estar a realizar uma “cruzada contra o Estado judeu”.

Não há um bloqueio humanitário. Isso é uma mentira descarada”, disse o ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel num comunicado publicado na rede social X, argumentando que quase 900 camiões de ajuda humanitária já entraram em Gaza esta semana.




O vídeo com jovens e pessoas bem vestidas, bem calçadas, bem alimentadas e bem lavadas, demonstra em si mesmo, que foi filmado com israelitas ou noutro local qualquer, exceto na Faixa de Gaza. Os vivas à América e o fora o Hamas dão-lhe ainda mais autenticidade como se tivesse sido filmado por Steven Spielberg.  

“Mas, em vez de pressionar os terroristas jihadistas, Macron quer recompensá-los com um Estado palestino”, acrescenta.

Macron afirmou que Paris está empenhada em trabalhar para uma solução política e reiterou o seu apoio a uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano.

Para o presidente francês, a existência de um Estado palestiniano "não é apenas um dever moral, mas também uma necessidade política”.

Macron enumerou as condições para o reconhecimento do Estado palestiniano: "libertação dos reféns" detidos pelo Hamas; desmilitarização do movimento islamita palestiniano; a não participação do grupo na liderança de um futuro Estado palestiniano; uma "reforma da Autoridade Palestiniana", que gere a Cisjordânia ocupada; o reconhecimento, pelo futuro Estado, de Israel e do "direito de viver em segurança"; e a "criação de uma arquitetura de segurança em toda a região".

"É isso que tentaremos consagrar num momento importante a 18 de junho, e eu estarei lá", disse, referindo-se à conferência internacional na sede da ONU, em Nova Iorque, sobre a chamada solução dos dois Estados, israelita e palestiniano.

Em abril, o presidente francês admitiu que Paris deverá reconhecer o Estado da Palestina em junho. O anúncio foi recebido com satisfação da parte do Hamas, enquanto Israel criticou o que considera ser uma “recompensa ao terrorismo”.

“Sem dúvida, o dia nacional deles [Hamas] será 7 de outubro. E é contra Israel — sob ataque em múltiplas frentes na tentativa de destruí-lo — que Macron procura impor sanções. O Hamas, por sua vez, já elogiou as declarações de Macron. O Hamas sabe porquê”, lê-se ainda na declaração do ministério israelita dos Negócios Estrangeiros.

Uma em cada cinco pessoas corre risco de fome iminente

Sob crescente pressão internacional, Israel levantou parcialmente um bloqueio de 11 semanas à ajuda humanitária a Gaza na semana passada, permitindo que uma quantidade limitada de ajuda fosse entregue ao abrigo de um sistema que tem sido fortemente criticado.

No entanto, o fluxo de ajuda que tem chegado à Faixa de Gaza, sob o controlo de uma nova ONG apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, tem sido acompanhado de ataques e violência.

Os centros da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla inglesa) – a organização apoiada pelos EUA e por Israel – tornaram-se locais de caos, violência e desespero entre as pessoas que procuram aceder a pacotes com produtos alimentares. Várias pessoas ficaram feridas e outras morreram por tiros do exército israelita, que alega ter disparado para controlar a situação nos centros da GHF.

Os dirigentes israelitas encarregaram a GHF de distribuir alimentação, apesar da oposição da Organização das Nações Unidas e dos principais grupos de ajuda humanitária, que alegam que viola princípios humanitários.

A fome e a má nutrição têm-se agravado entre os 2,3 milhões de palestinianos na Faixa de Gaza desde que os dirigentes israelitas impediram a entrada no território de comida, combustíveis, medicamentos e outras, desde há cerca de três meses. Especialistas alertam que uma em cada cinco pessoas corre risco de fome iminente.

Fonte: RTP, 30 de maio de 2025

Os predecessores da extrema-direita já sabiam embrulhar a violência em palavras doces — um talento que inspira, hoje, a parte principal da propaganda do Estado de Israel na televisão e redes sociais.

Theodor Eicke (inspetor dos campos de concentração e comandante de Dachau):

“A disciplina nos campos é firme, mas justa. Os prisioneiros são bem alimentados, bem tratados, e aprendem a valorizar o trabalho.”

— Relatório interno da SS sobre a gestão de Dachau, c. 1935.

Esta é uma reconstrução plausível com base em relatórios da SS sobre Dachau, não uma citação literal. Eicke usava este tipo de eufemismo em memorandos, mas em linguagem mais técnica.

Rudolf Höss (comandante de Auschwitz):

“Recebíamos os prisioneiros com dignidade e garantíamos que os que estivessem dispostos a trabalhar teriam boas condições.”

— Trecho das suas memórias escritas na prisão em 1947.

Esta é uma versão próxima de trechos reais das memórias escritas por Höss, em 1947, na prisão Montelupich, em Cracóvia, Polónia, onde ele tentava justificar as suas ações. O livro, conhecido como Wyznania spod szubienicy ("Confissões sob a forca"), foi escrito antes da sua execução em 1947 e contém relatos detalhados sobre sua atuação como comandante de Auschwitz. Outra versão das suas memórias, Kommandant in Auschwitz, foi publicada posteriormente.

Joseph Goebbels (ministro da Propaganda):

“Os nossos campos de concentração não são locais de tortura, como dizem os inimigos do Reich, mas instituições onde se dá uma nova oportunidade a elementos desviantes.”

— Discurso radiofónico, 1936.

Este tipo de linguagem é compatível com a propaganda nazi, mas não há registo dessa frase exata num discurso radiofónico. Goebbels falava com frequência da “reeducação dos desviantes” e da “proteção da sociedade”.

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