EUA e China chegam a acordo sobre terras raras e fim das tarifas
Doctor
Odyssey – Sean Teale, Monette Moio, Phillipa Soo, Joshua Jackson
Estados
Unidos e China formalizaram um entendimento comercial alcançado no mês passado
em Genebra. Secretário do Comércio norte-americano deixa compromisso:
"Vamos fechar os dez acordos principais, organizá-los por categorias, e os
restantes países alinharão depois disso
Estados Unidos e China formalizaram um entendimento
comercial alcançado no mês passado em Genebra, que inclui o compromisso de
Pequim de retomar as exportações de minerais de terras raras, anunciou o
secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick.
Segundo Lutnick, o acordo foi assinado há dois dias e
consagra os termos negociados entre Washington e Pequim ao longo deste ano,
após sucessivas acusações mútuas de violação de acordos anteriores. "Vão entregar-nos terras raras e, quando o fizerem,
levantaremos as nossas contramedidas", declarou, em entrevista
à Bloomberg.
A Siemens AG, uma
das principais fornecedoras mundiais de software de design de semicondutores,
foi libertada pelo Departamento do Comércio dos Estados Unidos da necessidade
de solicitar licenças para operar no mercado chinês, segundo revelou a empresa
alemã em comunicado.
As restrições à exportação tinham sido impostas em maio,
como parte de um pacote de medidas adotado pelos Estados Unidos em resposta às
limitações chinesas à exportação de minerais de terras raras.
A Siemens confirmou que restabeleceu o acesso total ao seu software
e tecnologia para os clientes chineses. As outras duas principais empresas
mundiais no setor do software de automação de design eletrónico (EDA, na sigla
em inglês) - Cadence Design Systems Inc. e Synopsys Inc. - não responderam
ainda a pedidos de comentário sobre se receberam comunicações semelhantes,
segundo a agência de notícias Bloomberg. O Departamento do Comércio dos Estados
Unidos também não comentou, acrescentou a agência.
As terras raras são materiais cruciais utilizados na
produção de turbinas eólicas, aviões, semicondutores e tecnologia avançada. Ao
abrigo do acordo comercial alcançado na semana passada, Washington comprometeu-se a autorizar o envio para a
China de software de design de chips, etano e motores a jato, desde
que Pequim cumpra a promessa de acelerar a aprovação das exportações de
minerais críticos.
Um responsável da Casa Branca confirmou que os dois países
concordaram com os termos necessários para aplicar o acordo de Genebra. A
embaixada da China em Washington recusou comentar, enquanto o ministério dos
Negócios Estrangeiros chinês não respondeu de imediato.
A assinatura do acordo gerou otimismo nos mercados: os
índices acionistas asiáticos e os futuros europeus avançaram, e um índice
global de ações atingiu novo máximo histórico.
Lutnick indicou que o presidente norte-americano, Donald
Trump, pretende concluir, até 9 de julho, uma
série de dez acordos comerciais com os principais parceiros dos EUA.
"Vamos fechar os dez acordos principais, organizá-los por categorias, e os
restantes países alinharão depois disso", explicou.
Embora não tenha especificado quais os países envolvidos,
Trump sugeriu hoje que os EUA estão perto de um entendimento com a Índia. O principal
negociador japonês, Ryosei Akazawa, também tem reuniões agendadas na capital
norte-americana, tendo reiterado que o Japão "não pode aceitar"
tarifas de 25% sobre automóveis.
Trump já afirmou que, na
ausência de acordos até 9 de julho, enviará "cartas" a
cada país com os termos propostos, aplicando tarifas unilaterais - as chamadas
"tarifas recíprocas", que poderão atingir até 50%. A maioria dessas
medidas foi anunciada a 2 de abril, mas suspensa por 90 dias para permitir
negociações.
O alcance real dos acordos
permanece incerto, dado
que pactos comerciais geralmente requerem anos de negociações.
Um acordo anterior com o Reino Unido, por exemplo, continua com questões
pendentes, incluindo tarifas sobre metais importados.
O acordo agora alcançado com a China não aborda temas mais
sensíveis, como o tráfico de fentanil ou o acesso pleno das empresas
norte-americanas ao mercado chinês.
A primeira ronda de negociações, em Genebra, resultou numa
redução de tarifas por ambas as partes, mas foi rapidamente seguida de
acusações mútuas de incumprimento. Após novas conversações em Londres este mês,
os negociadores anunciaram um entendimento, sujeito à aprovação de Trump e do presidente
chinês, Xi Jinping.
Segundo Lutnick, o levantamento das contramedidas dos EUA
depende da chegada efetiva das terras raras. Esta semana, o Departamento do
Comércio norte-americano já autorizou o carregamento de etano com destino à
China, embora o seu desembarque continue condicionado a autorização específica.
Fonte: Expresso, 3 de julho de 2025
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