Seguranças americanos disparam munições reais enquanto palestinianos recolhem comida
Killer Elite (2011) – Jason Statham
Seguranças subcontratados americanos que guardam locais de
distribuição de ajuda alimentar em Gaza usam munições reais e granadas de gás
enquanto palestinianos lutam por comida, de acordo com relatos e vídeos
divulgados.
Dois vigilantes
americanos, que falaram à agência de notícias The Associated Press, sob
condição de anonimato, porque estavam a revelar operações internas dos seus
empregadores, disseram que estavam a denunciar a situação porque estavam
preocupados com o que consideravam práticas perigosas e irresponsáveis.
Segundo aqueles dois elementos da segurança a equipa de
segurança contratada, muitas vezes não era qualificada, nem tinha sido
avaliada, estava fortemente armada e parecia ter uma licença aberta para fazer
o que quisesse.
Assim adiantaram que
os seus colegas lançavam regularmente granadas de choque e spray de pimenta
para os palestinianos. Um contratista destes seguranças disse que eram
disparadas balas em todas as direções - para o ar, para o chão e, às vezes, em
direção aos palestinianos, lembrando-se, pelo menos de um caso em que julga que
alguém foi atingido.
"Há pessoas
inocentes a serem feridas. Muito mal, sem necessidade", afirmou.
De acordo com aquela
fonte aquela equipa americana que está a monitorar as pessoas que vêm procurar
comida, se regista qualquer pessoa considerada "suspeita",
compartilha essas informações com os militares israelitas.
Vídeos fornecidos por
um destes vigilantes e gravados nos locais de distribuição alimentar mostram
centenas de palestinianos amontoados entre portões de metal, a lutar por ajuda
humanitária entre o som de balas, granadas de atordoamento e picadas de spray
de pimenta. Outros vídeos incluem conversas entre homens que falam inglês,
discutindo sobre como os palestinianos estão a ser tratados.
Outros vídeos incluem conversas entre homens que falam
inglês, discutindo como dispersar multidões e encorajando-se uns aos outros
após rajadas de tiros.
Os depoimentos dos
contratados - combinados com os vídeos, relatórios internos e mensagens de
texto obtidos pela AP - oferecem uma rara visão do interior da Gaza
Humanitarian Foundation, a recém-criada e secreta organização americana apoiada
por Israel para alimentar a população da Faixa de Gaza.
No mês passado, o governo dos EUA prometeu 30 milhões de
dólares para que o grupo continuasse as suas operações - a primeira doação
conhecida dos EUA ao grupo, cujas outras fontes de financiamento permanecem
obscuras.
Os jornalistas não
conseguiram ter acesso às instalações do GHF, localizadas em zonas controladas
pelos militares israelitas. A AP refere que não pode verificar de forma
independente as histórias destes seguranças que denunciaram estas informações.
Um porta-voz da Safe
Reach Solutions, a empresa de logística subcontratada pela GHF, disse à AP que
não houve ferimentos graves em nenhuma de suas instalações, até ao momento. Mas
admitiu que houve alguns incidentes isolados e que os profissionais de
segurança dispararam balas reais no chão e longe dos civis para chamar à
atenção.
Isso aconteceu nos primeiros dias, no "auge do
desespero, quando medidas de controlo de multidões foram necessárias para a
segurança dos civis", disse o porta-voz.
Os mais de 2 milhões
de palestinianos de Gaza estão a passar por uma crise humanitária catastrófica.
Desde que o Hamas atacou Israel em 7 de outubro de 2023, dando início a uma
guerra que dura há 21 meses, Israel bombardeou e sitiou a Faixa de Gaza.
Fonte: CNN Portugal, 3 de julho de 2025
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