Crise em Gaza: UE não chega a acordo para suspender acesso de Israel a fundo europeu
Perry Mason
(1957-1966) – Patricia Breslin, James Bell
A proposta da Comissão Europeia de negar a Israel o acesso
parcial ao fundo de investigação Horizonte Europa, no valor de 95 mil milhões
de euros, não conseguiu reunir a maioria qualificada necessária aquando da
reunião de terça-feira em Bruxelas para discutir a questão.
Se a proposta for aprovada, Israel
perderá o acesso a 200 milhões de euros de futuras subvenções e investimentos
no Conselho Europeu de Investimento (CEI) do programa Horizon, especializado
nas chamadas tecnologias disruptivas.
Mas os representantes de Berlim e Roma disseram que precisam
de analisar melhor a proposta da Comissão. Para que uma maioria qualificada
seja aprovada, é necessário o peso da população
de Itália ou da Alemanha.
"A Alemanha queria continuar a dialogar com Israel em
vez de tomar medidas, mas todos sabemos que o diálogo não está a
funcionar", disse uma fonte da reunião à Euronews.
Outro diplomata disse que a Alemanha, que se tem oposto a
qualquer sanção contra Israel, está agora a numa posição de controlo relação à
decisão.
Tanto a Alemanha como a Itália afirmaram que precisavam de
mais tempo e que iriam informar a UE se chegassem a uma posição diferente nas
próximas semanas, de acordo com duas fontes conhecedoras do processo.
A Hungria, a Bulgária e a Chéquia opuseram-se a qualquer ação,
segundo as fontes.
Os Países Baixos, a Irlanda, França, o Luxemburgo, a
Eslovénia, Portugal, Malta e Espanha apoiaram o plano da Comissão, tendo vários
deles afirmado que iriam também pressionar a UE no sentido de impor sanções
mais fortes, potencialmente no plano comercial, disseram as fontes.
A proposta da Comissão de suspender a participação de Israel
no programa Horizon surge na sequência de um relatório da União Europeia (UE)
que concluiu que o país tinha violado as obrigações em matéria de direitos
humanos previstas no Acordo de Associação UE-Israel.
Após esta constatação, as
duas partes chegaram a um acordo em que Israel aumentaria
"substancialmente" o acesso de civis a alimentos e medicamentos no
interior do enclave para evitar
que a UE tomasse medidas.
No entanto, a UE afirma que não se verificou qualquer
melhoria material para os palestinianos e, de acordo com fontes do bloco,
Bruxelas não conseguiu verificar de forma independente as alegações de Israel
de que está a permitir que mais camiões de ajuda cheguem a uma população
palestiniana em crise de fome.
Até à data, os funcionários da UE foram impedidos de entrar
em Gaza para avaliarem a situação.
"Não recebi qualquer explicação convincente para o
facto de não poder entrar em Gaza", afirmou um alto funcionário.
Entretanto, a ONU e outras agências afirmam que a catástrofe
humanitária em Gaza se agrava de dia para dia e que mais
de 130 pessoas morreram de causas ligadas apenas à fome, 88 das quais crianças
e bebés.
Na segunda-feira, duas importantes ONG israelitas, a
B'Tselem e a Physicians for Human Rights, de Israel, publicaram um relatório em
que afirmam que Israel está a cometer um genocídio em Gaza.
Enquanto decorria a reunião entre os embaixadores europeus
na terça-feira, o número de mortos em toda a guerra superava as 60 000 pessoas,
de acordo com o ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas.
Só na terça-feira, 81 pessoas foram mortas por Israel, 32
das quais quando procuravam ajuda, segundo o ministério.
Fonte: Euronews, 30 de julho de 2025
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