Governo de Trump divulga à imprensa áudio de interrogatórios a ex-presidente Biden
Perry Mason (1957-1966)
O governo de Donald Trump divulgou à imprensa o áudio dos
interrogatórios realizados em 2023 ao então presidente dos Estados Unidos, Joe
Biden, o que na época provocou um debate sobre o
estado cognitivo do político democrata.
A gravação, publicada pelo site Axios, dura mais de
cinco horas e mostra momentos em que Biden, que
tinha 80 anos na altura, tem dificuldade em lembrar-se de datas-chave,
como a morte do filho Beau ou o ano em que deixou de ser vice-presidente.
O procurador especial Robert Hur interrogou Biden em 8 e 9
de outubro de 2023, no âmbito de uma investigação sobre a descoberta de
documentos confidenciais na sua residência privada, durante o período em que
foi vice-presidente de Barack Obama (2009-2017).
No final de 2022, uma série de documentos confidenciais,
cujo número exato e conteúdo permanecem desconhecidos, foram encontrados na
casa de Joe Biden, no Delaware, no leste dos Estados Unidos, e no antigo
escritório, em Washington.
Os documentos remontam ao período em que Biden foi vice-presidente
e às três décadas que o democrata passou no Senado, a câmara alta do parlamento
norte-americano, durante as quais esteve fortemente envolvido na política
externa do país.
A descoberta dos documentos causou embaraço à Casa Branca,
uma vez que surgiu pouco depois do caso dos mais de 100 documentos
confidenciais encontrados pelo FBI na mansão do ex-presidente Donald Trump
(2017-2021), em Mar-a-Lago (Florida).
A lei nos Estados Unidos exige aos presidentes e vice-presidentes
a devolução de todos os documentos oficiais, comunicações e outras notas para o
Arquivo Nacional norte-americano.
O procurador Robert Hur publicou um relatório em 2024, no
qual afirmava que não existiam provas suficientes para acusar Biden, mas também
referia que a sua memória era
“significativamente limitada” e especulava que seria difícil convencer um júri
a condená-lo devido à sua imagem de “velho bem-intencionado com má memória”.
Esse relatório, criticado na altura pela Casa Branca, foi um
golpe para as aspirações de Biden, que procurava a reeleição para um segundo
mandato, enquanto cresciam as críticas sobre a sua idade avançada e as dúvidas
sobre o seu estado cognitivo.
Biden acabou por abandonar a corrida após o seu mau
desempenho num debate com Trump e passou o testemunho à sua vice-presidente,
Kamala Harris, que foi derrotada nas urnas pelo republicano.
A fuga do áudio, que a anterior administração se recusou a
divulgar, coincide com uma altura em que o estado mental de Biden volta a estar
no centro do debate, devido à publicação de um livro que aponta que a sua
equipa encobriu o seu aparente declínio.
“Conheço pessoas com 89, 90, 92 e 93 anos que são perfeitas.
Mas Joe não é uma delas e eles esconderam-no”,
disse Trump, de 78 anos, aos jornalistas.
Ao contrário de Biden, Trump foi acusado, entre outros
casos, de ocultar deliberadamente documentos confidenciais do seu primeiro
mandato na Casa Branca (2017-2021), mas a acusação foi retirada após sua
vitória eleitoral.
Fonte: Lusa, 17 de maio de 2025
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