Theodore Kaczynski - A sociedade industrial e o seu futuro



1. A Revolução Industrial e suas consequências foram um desastre para a espécie humana. Aumentou enormemente a expectativa de vida daqueles que vivem em países «avançados», mas desestabilizou a sociedade, tornou a vida um inferno, submeteu seres humanos a indignidades, provocou sofrimento psicológico (no terceiro mundo sofrimento físico) e infligiu um dano severo ao mundo natural. O contínuo desenvolvimento da tecnologia piorará a situação. Certamente submeterá os seres humanos a grandes indignidades e infligirá maior dano ao mundo natural, provavelmente conduzirá a um grande colapso social e sofrimento psicológico, e pode incrementar o sofrimento físico inclusive em países «avançados».

2. O sistema tecnológico-industrial pode sobreviver ou pode fracassar. Se sobreviver, PODE conseguir eventualmente um nível baixo de sofrimento físico e psicológico, mas só depois de passar por um grande e penoso período de ajuste e apenas mediante o custo permanente de reduzir o ser humano e a outros muitos organismos vivos a produtos de engenharia e meras engrenagens da maquinaria social. Além disso, se o sistema sobrevive, as consequências serão inevitáveis: não há como reformar ou modificar o sistema nem como preveni-lo de privar as pessoas de liberdade e autonomia.

3. Se o sistema fracassar as consequências ainda serão muito penosas. Quanto mais o sistema crescer mais desastroso será o resultado de seu fracasso, de forma que se vai fracassar, melhor fracassar logo do que depois.

4. Por isso advogamos uma revolução contra o sistema industrial. Esta revolução pode ou não usar a violência: pode ser súbita ou pode ser um processo relativamente gradual abarcando poucas décadas. Não podemos predizer nada disso. Tudo que podemos fazer é delinear de uma forma geral as medidas que aqueles que odeiam o sistema industrial deveriam tomar para preparar o caminho para uma revolução contra esta forma de sociedade. Não

deve ser uma revolução POLÍTICA. Seu objeto não será derrubar governos, mas as bases económicas e tecnológicas da sociedade atual.

5. Neste artigo abordamos apenas alguns dos acontecimentos negativos que engordaram demasiado o sistema tecnológico-industrial. Além disso, aqui apenas mencionamos tais acontecimentos resumidamente ou os ignoramos na sua totalidade. Isto não quer dizer que consideramos os demais acontecimentos triviais. Por razões práticas, tivemos que limitar nossas discussões a áreas que não receberam suficiente atendimento do público ou nas quais temos algo novo que dizer. Por exemplo, na medida em que as tendências ambientais e a desertificação estão bem reveladas, escrevemos muito pouco sobre a degradação do meio ambiente ou a destruição da natureza selvagem, embora consideremos tais coisas de grande importância.

6. Quase todo mundo concorda que vivemos numa sociedade profundamente nociva. Uma das manifestações mais evidentes da loucura de nosso mundo é o esquerdismo, de forma que uma discussão sobre a psicologia do esquerdismo nos pode servir de introdução ao debate dos problemas da sociedade moderna em geral.

7. Mas, o que é esquerdismo? Durante a primeira metade do século XX pôde ser praticamente identificado com o socialismo. Hoje o movimento está fragmentado e não está claro quem pode ser chamado propriamente de esquerdista. Quando neste artigo falamos de esquerdistas pensamos principalmente em socialistas, coletivistas, «politicamente corretos», feministas, ativistas pelos direitos dos homossexuais, dos deficientes, ativistas pelos direitos dos animais. Mas nem todos os que se associam a algum destes movimentos é um esquerdista. Não se trata de um movimento ou de uma ideologia, mas de um tipo psicológico, ou, melhor dito, uma coleção de tipos relacionados. Assim, o que queremos dizer com «esquerdista» aparecerá com mais clareza no curso da discussão da psicologia esquerdista.

8. Mesmo assim, nossa conceção ficará menos clara do que desejaríamos, mas parece não ter remédio para isto. Tudo o que tentamos fazer é indicar de uma maneira tosca e aproximada as duas tendências psicológicas que cremos serem as principais forças condutoras do esquerdismo moderno. Com isto não pretendemos estar dizendo TODA a verdade. Além disso, nossa discussão abarca apenas o esquerdismo moderno. Deixamos aberta a questão sobre o esquerdismo do século XIX e princípios do XX.

9. Às duas tendências psicológicas que servem de base ao esquerdismo moderno chamamos de «sentimentos de inferioridade» e «sobressocialização». Enquanto os sentimentos de inferioridade caracterizam todo esquerdismo, a sobressocialização caracteriza apenas um determinado segmento do esquerdismo moderno, mas este segmento é altamente influente.

(…).

227. Nossa discussão do esquerdismo tem uma debilidade séria. Estamos ainda longe de aclarar o que queremos dizer com a palavra «esquerdista». Não parece que possamos avançar muito sobre isto. Hoje o esquerdismo está fragmentado em todo um espectro de ativismo. No entanto, nem todos têm esta tendência e alguns movimentos (por exemplo, os ambientalistas radicais) parecem incluir ambas as personalidades, do tipo esquerdista e inteiramente não esquerdistas, os quais devem discernir melhor antes de colaborar com os primeiros. Variedades de esquerdistas se convertem gradualmente em variedades de não esquerdistas e nós mesmos estaríamos com frequência em dificuldades para decidir se uma determinada pessoa é ou não um esquerdista.

Enquanto não for precisamente definida, nossa conceção é explicada pela discussão que apresentamos neste artigo, e só podemos aconselhar ao leitor para que use seu próprio juízo para decidir quem é um esquerdista.

228. Mas será útil catalogar alguns critérios para o diagnóstico. Estes critérios não podem ser aplicados de uma maneira seca. Algumas pessoas podem reunir alguns dos critérios sem ser esquerdistas, alguns esquerdistas podem não reunir nenhum dos critérios. Novamente convém usar o bom senso.

229. O esquerdista está orientado para um coletivismo em grande escala.Enfatizamos a obrigação do indivíduo de servir à sociedade e a obrigação da sociedade de cuidar do indivíduo. O esquerdista tem uma atitude negativa para o individualismo. Com frequência usa um tom moralista. Tende a defender o controle de armas, educação sexual e outros métodos psicológicos de educação “iluminados”. Defende o planeamento, a ação afirmativa, o multiculturalismo. Tende a identificar-se com vítimas. Tende a ser contra a competição e a violência, mas encontra desculpas para aqueles esquerdistas que usam a violência. Agrada-lhe muito usar chavões da esquerda como «racismo», «sexismo», «homofobia», «capitalismo», «imperialismo», «neocolonialismo», «genocídio», «mudança social», «responsabilidade

social». Talvez o melhor diagnóstico seja a característica de tender a simpatizar com os seguintes movimentos: feminismo, direitos dos homossexuais, minorias étnicas, incapacitados, direitos dos animais, correção política. Qualquer um que simpatize com força com TODOS estes movimentos é quase com certeza um esquerdista.

230. Os esquerdistas mais perigosos são aqueles que estão mais famintos de poder, são frequentemente caracterizados pela arrogância ou por um enfoque dogmático da ideologia. Não obstante, os mais perigosos de todos podem ser certos tipos sobressocializados quem evitam explosões irritantes de agressividade e se refreiam de fazer publicidade de seu esquerdismo, mas trabalham rápida e discretamente promovendo valores coletivistas, técnicas psicológicas «iluminadas» para socializar crianças, para incrementar a dependência do indivíduo ao sistema, e coisas assim. Estes cripto-esquerdistas (como os podemos chamar) estão próximos de certos tipos burgueses no que tange a ações práticas, mas diferem deles em psicologia, ideologia e motivação. O burguês corrente tenta manter as pessoas sob o controle do sistema para proteger seu modo de vida, ou o faz simplesmente porque suas atitudes são convencionais. O cripto-esquerdista tenta manter as pessoas sob o controle do sistema porque é um Verdadeiro Fiel a uma ideologia coletivista.

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