"Putin exagerou na força do seu poderoso exército": Rússia não tem soldados suficientes para atacar a Finlândia
The Ark -
Pavle Jerinic, Christina Wolfe
O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou recentemente
deslocar novamente tropas para perto da fronteira do país com a Finlândia, mas
a "aritmética" não está a seu favor, conforme revela uma análise do
Politico.
Em entrevista à agência estatal russa RIA Novosti, Vladimir
Putin prometeu deslocar tropas para a fronteira da Rússia com a Finlândia, que
se estende por mais de 1300 quilómetros. Mas segundo o major-general Pekka
Toveri, antigo chefe dos
serviços secretos da Finlândia, as forças russas "não terão
recursos para construir infraestruturas, produzir novo armamento pesado e
recrutar um número considerável de forças" naquela fronteira "antes
de 2030".
É certo que as forças russas "ainda têm a 138.ª Brigada
de Fuzileiros Motorizada em Kamenka [perto de São Petersburgo", a cerca de
50 quilómetros da fronteira com a Finlândia, observa o major-general. "Mas
a guarnição está bastante vazia, sem tropas prontas para o combate, porque
estão todas na Ucrânia", acrescenta, salientando ainda que mesmo as cinco
brigadas mais próximas da fronteira "já tinham metade do número de
soldados antes da guerra".
Prova da
dificuldade na recruta para o exército é o facto de a Rússia ter entregue algumas áreas
aos mercenários do Grupo Wagner. Além disso, o exército foi recrutar às prisões
russas cerca de 100 mil condenados em troca de liberdade, para logo depois ter
decretado uma mobilização parcial - que, segundo o Politico, não foi totalmente
bem-sucedida, "uma vez que muitos homens elegíveis já tinham deixado o
país" naquela altura.
No final do ano passado, Putin anunciou que quer aumentar o
contingente militar na Ucrânia (que, na altura, era de 617 mil soldados). Mas
esta ambição revela-se um desafio para a Rússia, observa o Politico,
salientando que "é difícil sustentar uma força de 600 mil homens na
Ucrânia quando o tamanho total das forças armadas da Rússia é de 1,15
milhões".
Em dezembro passado, o presidente russo ordenou um aumento
das forças armadas para cerca de 1,32 milhões, na mesma altura em que o
ministro da Defesa da Federação Russa, Sergei Shoigu, sugeriu um aumento para
1,5 milhões até 2026.
Ao contrário da Suécia, que desde a década de 1990 decidiu
encolher as suas forças armadas, a Finlândia nunca descurou a sua defesa, mantendo o serviço
militar obrigatório, com o objetivo de "manter a prontidão das forças
armadas". O treino militar é cumprido anualmente por cerca de 21 mil
recrutas.
Segundo o Global Firepower Index, a Finlândia tem quase dois milhões de
cidadãos prontos para prestar serviço, numa população de 5,6
milhões, e 24 mil soldados no ativo, que contam ainda com 53 mil efetivos
paramilitares.
Neste contexto, escreve o Politico, "desta vez, Putin
exagerou na força do seu poderoso exército e subestimou a capacidade dos
políticos ocidentais de compreenderem a aritmética básica", sobretudo
tendo em conta a adesão da Finlândia à NATO.
Fonte: CNN Portugal, 8 de abril de 2024
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