"Cunhal era muito duro, mas o Presidente Costa Gomes duro era". Marcelo evoca momento em que se evitou uma guerra civil no país
Captain Marvel (2019)
O presidente
da República recordou o "papel determinante" do seu antecessor em
1975 e do histórico líder do PCP em "evitar uma guerra civil", no
programa televisivo “Conversas de Excelência” de António Costa
Marcelo Rebelo de Sousa destacou, numa entrevista ao
ex-primeiro-ministro António Costa, o momento em que o antigo presidente Costa
Gomes chamou Álvaro Cunhal a Belém, para procurar evitar uma guerra civil.
"Hoje
a noção que há é que foi uma conversa duríssima, porque o dr. Cunhal era muito
duro, mas o presidente Costa Gomes duro era", observou Marcelo
Rebelo de Sousa a propósito de um dos momentos mais sensíveis da construção da
democracia portuguesa, em 1975.
No programa "Conversas de Excelência", no canal News
Now, o ex-primeiro-ministro António Costa conduziu o atual chefe de Estado
numa incursão pelos percursos dos seus seis antecessores no cargo.
No episódio transmitido este domingo, disse que Costa Gomes (que ocupou a Presidência da
República de setembro de 1974 a junho de 1976) era "uma cabeça" que teve sempre "20 a
Matemática" mas "muito tímido"
e que se apaixonou
pela mulher com quem viria a casar, Estela Costa Gomes, por a ter visto
retratada numa pintura de Henrique de Medina, trajada de minhota.
“Esquerda radical é
derrotada” no 25 de novembro
Neste primeiro episódio, Marcelo Rebelo de Sousa recordou o
"papel determinante" de Costa Gomes em "evitar uma guerra
civil" e do histórico líder do PCP Álvaro Cunhal no 25 de novembro de
1975: "o presidente Costa Gomes convence o dr. Cunhal a fazer refrear o
que era porventura um ímpeto de base do partido, para evitar uma guerra
civil".
"Quando se chega ao 25 de novembro, a esquerda radical
é derrotada. O Partido Comunista Português, aparentemente, num primeiro momento
acha que ainda pode travar a caminhada para a direita. O que é facto é que o presidente
Costa Gomes chama a Belém os responsáveis militares e vai gerindo em Belém o
que se está a passar e chama o dr. Cunhal", diz Marcelo.
Neste ponto, António Costa nota que "há quem
entenda" que uma das razões pelas quais o Partido Comunista "saiu
fora do 25 de novembro e, no fundo, no 25 de novembro a revolução acabou",
foi porque "o que estava verdadeiramente em causa era condicionar o país
até à conclusão do processo de descolonização".
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "as duas versões não são
incompatíveis".
"Eu limito-me a dizer, penso que tem razão [quem
afirma] que o papel do presidente Costa Gomes foi de moderador duro em relação
à teimosia do Partido Comunista".
Por outro lado, acrescentou, "o dr. Álvaro Cunhal no
fundo também tinha a noção dos riscos que corria porque é preciso ver que
imediatamente depois houve movimentos mais à direita que quiseram proibir o
Partido Comunista".
Fonte: Expresso, 29 de setembro de 2024
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