Possível aproximação do Reino Unido à União Europeia será complexa
Savage Sisters (1974) - Vic Diaz
A
mudança de ciclo político no Reino Unido abre a procura por um reajuste da
relação do país com o bloco comercial europeu, mas passar das palavras aos atos
não será fácil, refere a Crédito y Caución
De acordo com as previsões da Crédito y Caución, “o PIB britânico continuará aquém do
seu potencial em 2024 e 2025 devido a restrições estruturais como o baixo
investimento, a baixa produtividade e as barreiras comerciais criadas pelo
Brexit. Neste contexto de debilidade económica, a procura de uma relação mais
fluida entre o país e a União Europeia, que representa
52% do seu comércio,
tornou-se uma prioridade estratégica para o novo governo”.
A mudança de tom em relação à União Europeia é
significativa, refere a consultora, “mas passar das palavras aos atos não será
fácil face ao compromisso de não reabrir as negociações sobre aspetos
fundamentais do acordo pós-Brexit”.
A tónica
imediata é colocada num novo acordo alimentar e veterinário “que simplifique os controlos
fronteiriços dos produtos de origem animal. Uma relação mais positiva com a
Europa neste domínio poderia abrir caminho à facilitação do comércio em outros
domínios e à racionalização das cadeias de abastecimento em setores como a indústria transformadora,
os serviços financeiros,
os serviços digitais,
as empresas tecnológicas e
a logística, que se contam entre os mais afetados pela situação atual”.
No entanto, os defensores do Brexit foram rápidos a criticar
a possibilidade de um novo
acordo se isso significar aceitar a supervisão do Tribunal de Justiça da União
Europeia. Por seu lado, salienta a Crédito y Caución, a União
Europeia não pode dar um tratamento preferencial a um país que rejeitou as
vantagens e obrigações do bloco comercial europeu. Qualquer alteração ao acordo de comércio e cooperação
pós-Brexit será lenta, uma vez que terá de equilibrar cuidadosamente
os interesses do Reino Unido e dos 27 Estados-membros da União Europeia.
“Para trazer a União Europeia para a mesa de negociações, o
novo governo britânico teria de oferecer incentivos claros, mas qualquer
indício de um maior alinhamento regulamentar ou de uma atitude mais aberta à
livre circulação seria recebido com críticas internas por minar o ideal do
Brexit. Ao mesmo tempo, a nova administração do Reino Unido continuará a
esforçar-se por concluir novos acordos comerciais com o resto do mundo”.
Um acordo bilateral com os
Estados Unidos parece improvável a curto prazo, mas retomará as
negociações com países como a Índia, a Coreia do Sul, a Turquia e a Suíça.
Fonte: O Jornal Económico, 20 de setembro de 2024
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