Um Orçamento responsável e um novo modelo económico para o país
Irreverent
– Jason Wilder, Martin Sacks, Kylie Bracknell
A
margem orçamental deve ser usada, por um lado, para reduzir impostos e, por
outro, para melhorar a qualidade dos serviços públicos, através do reforço do
investimento público
Os últimos
acontecimentos no Médio Oriente são a mais recente evidência de que vivemos hoje num contexto de
enorme instabilidade e incerteza internacional. Assim, é necessário o máximo
cuidado para que os não exista também instabilidade e incerteza no contexto
nacional.
Isso será contraproducente para a estabilidade
macroeconómica, para a atração de investimento, para o desenvolvimento de novos
negócios, para a criação de emprego, para a execução do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR), para a execução do Portugal 2030 e para o desenvolvimento de
políticas públicas que promovam crescimento económico e o bem-estar social, e
que melhorem a qualidade de
vida dos portugueses.
Este Governo tem um programa para o país, para colocar a economia a crescer de forma
robusta e sustentável, mantendo, ao mesmo tempo, o equilíbrio das
contas públicas e a trajetória sustentada de redução da dívida. Entre outras
medidas, esse programa
assenta numa redução dos impostos sobre as famílias e as empresas. É
nesse sentido que temos trabalhado, desde o primeiro dia, e é nesse sentido que
continuaremos a trabalhar.
É
fundamental baixar a carga fiscal das empresas. Portugal tem a
segunda taxa nominal marginal, em sede de IRC, mais elevada da OCDE e uma das
taxas efetivas marginais mais elevadas. Os investidores estrangeiros olham para
estes números antes de tomarem decisões de investimento.
Além disto, o
país precisa de manter os jovens em território nacional, incentivar
aqueles que foram para fora a regressar ou atrair jovens de outras
nacionalidades que queiram viver e trabalhar em Portugal. Entendemos que, para
esse fim, é necessário baixar o IRS sobre os jovens.
Como temos defendido, desde o início, estas duas alterações
estruturais aos impostos devem ser discutidas de forma autónoma, com um debate
sério e rigoroso, dando tempo ao Parlamento para se pronunciar, idealmente fora
do âmbito da discussão do Orçamento do Estado.
Ao
contrário do que vivemos no passado, com excedentes orçamentais artificialmente
elevados – que
resultaram de mais carga fiscal, do efeito da inflação na receita, da
degradação dos serviços públicos e de níveis de investimento público muito
abaixo do necessário –, hoje procuramos um novo modelo, um
equilíbrio virtuoso, onde é possível ter equilíbrio orçamental e, ao mesmo
tempo, baixar impostos. E onde é possível ter contas públicas em
ordem e, ao mesmo tempo, adotar medidas que melhorem os serviços públicos.
A margem orçamental deve ser usada, por um lado, para
reduzir impostos e, por outro, para melhorar a qualidade dos serviços públicos,
através do reforço do investimento público. É isso que temos vindo a fazer, em
particular, quando já chegámos a acordo para a valorização de cerca de 40% das
carreiras dos funcionários públicos.
Recentemente, partilhámos também com os grupos parlamentares
aquilo que são as nossas perspetivas para o crescimento económico e evolução do
saldo orçamental. Antecipamos
que, nos próximos dois anos, a economia portuguesa crescerá em torno dos 2% e
que o excedente orçamental se situará entre os 0,2% e os 0,3% do PIB.
Este é um cenário de responsabilidade orçamental, até mais conservador do que
outras entidades têm preconizado.
Portugal precisa de estabilidade, boas políticas públicas e
um governo com um OE para executar.
Joaquim Miranda Sarmento, ministro de Estado e das Finanças
Fonte: O Jornal Económico, 4 de outubro de 2024
Comentários
Enviar um comentário