Detido líder de supostos "naparamas"
Doctor
Odyssey – Marcus Emanuel Mitchell
"O indivíduo [de 38 anos] é tido como o chefe de
operações e foi o principal mobilizador do grupo para o ataque [...] contra as
Forças de Defesa e Segurança. [...] Ele é quem desenhava a estratégias de
operação contra as nossas posições", declarou à comunicação social Dércio
Samuel, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula.
Em 16 de abril, a polícia moçambicana baleou mortalmente
cinco pessoas deste grupo que tentaram atacar uma posição da polícia no
distrito de Malema, província de Nampula, avançou, na altura, a corporação.
Segundo as autoridades, o grupo estava munido de azagaias, catanas, marretas e outros
instrumentos contundentes e,
durante a reação das forças governamentais, além dos cinco óbitos, houve
feridos em número desconhecido, além de seis detidos.
Operações conduzidas pelas autoridades levaram também à apreensão de um livro com informações sobre o grupo,
que, segundo a polícia, é responsável por outras incursões e roubos nas
comunidades.
"É um livro de registo com todos membros naparamas e é
com base neste livro que nós estamos a trabalhar para neutralização de todos
integrantes desde grupo", acrescentou Dércio Samuel.
Uso desproporcional de força
Dias após o incidente em Malema, o líder da Igreja Católica na província moçambicana de Nampula criticou um "aparentemente desproporcional" uso de força pela polícia no ataque do dia 16 de abril.
"O certo é que houve mortos e vários feridos em conexão
com uma reação armada aparentemente desproporcional das forças da lei e ordem.
[...] Os nossos padres em serviço na paróquia de Santa Teresa de Menino Jesus
de Mutuali [em Malema] contam que, segundo os relatos da polícia local, houve
cinco vítimas mortais, enquanto os populares, talvez por hipérbole, falam de 21
mortos", declarou o arcebispo de Nampula, Inácio Saure, durante a
celebração da missa da Páscoa no sábado.
Os naparamas, guerreiros
tradicionais historicamente respeitados nas comunidades do norte e centro,
surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos
tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em
comunidade.
Historicamente, os naparamas classificam-se como uma força
que se organizou espontaneamente para a autodefesa da população perante a
guerra e os seus elementos submetem-se a ritos de iniciação, destinados a
dar-lhes alegada "proteção sobrenatural" que acreditam que os torna
imunes, até a balas.
Ataques
Nos últimos meses, as autoridades têm denunciado diversos
ataques de grupos que se autoproclamam naparamas em vários pontos de províncias
do centro e norte de Moçambique, admitindo, no entanto, em alguns casos, a
possibilidade de serem grupos impostores.
Na quinta-feira, o exército moçambicano anunciou o resgate
de pelo menos 280 mulheres e crianças,
que terão sido raptadas por um grupo que se autoproclamava naparama.
O ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume,
prometeu, ontem, uma "perseguição até às últimas consequências" a
estes grupos.
"Nós vamos continuar a proteger as comunidades, mas,
por outro lado, a perseguir até às últimas consequências [a estes grupos].
[...] Quando digo que é até as últimas consequências significa vai ser até à
eliminação do risco ou da ameaça", disse à comunicação social, Cristóvão
Chume.
Em 2 de janeiro, supostos naparamas decapitaram um secretário de bairro no distrito de
Murrumbala, na província da Zambézia, e colocaram a cabeça da vítima numa praça
pública, disse à Lusa fonte policial, na altura.
Fonte: DW, 26 de abril de 2025
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