UE deve ter "uma defesa própria" com Portugal e Espanha "no núcleo duro"
Perry Mason (1957-1966) – Maurice Manson
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa,
considerou hoje que a União Europeia deve ter "uma defesa própria",
com Portugal e Espanha no "núcleo duro", admitindo que alguns
Estados-membros queiram ficar de fora desse projeto.
O chefe de Estado assumiu esta posição num discurso no Fórum La Toja – Vínculo Atlântico, na Fundação
Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a propósito do atual contexto global, dos
desafios colocados pela atual presidência norte-americana de Donald Trump e das
incertezas quanto à resolução da guerra na Ucrânia.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, esta "é uma fase decisiva"
para a União Europeia, que tem de se manter "unida, forte e
progressista" e lutar pelos valores democráticos.
Neste contexto, o presidente da República afirmou que a UE
"precisa de ter defesa própria, não várias defesas, mas uma defesa
própria".
"Não que não seja fundamental, no que depender dela,
fazer tudo para manter laços transatlânticos. Mas precisa de ter defesa
própria, não várias defesas, mas uma defesa própria. E nela alinharão aqueles
que na Europa quiserem manter a unidade", considerou.
De acordo com o chefe de Estado, "haverá sempre os que ficarão, porque não sairão, mas não
entrarão nesse núcleo duro, haverá sempre, e manterão sempre
alternativas de diálogo em simultâneo".
"Mas o essencial, o núcleo duro tem de estar firme, e tem de ter firme o apoio dos eleitorados.
E nesse núcleo duro estão Portugal e Espanha, Espanha e Portugal. Não são os
únicos do núcleo duro, mas são essenciais no núcleo duro", acrescentou.
Em particular sobre Portugal e Espanha, Marcelo Rebelo de
Sousa defendeu "consensos externos e internos essenciais, sem fraturas que
sejam um presente dado a quem está interessado noutros modelos, noutras
lideranças, noutros projetos completamente diferentes".
Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que os dois países
ibéricos "conseguiram e conseguem hoje, apesar da mudança de governos,
manter performances, resultados económicos e financeiros" e têm feito um
"trabalho em conjunto que não é fácil ter com outros elementos do núcleo
duro" da UE.
"Sem Espanha e Portugal
fortes, fortes em liberdade, fortes em democracia, fortes em Estado Social,
fortes em Estado de Direito, fortes em valores na vida internacional, o núcleo
duro será menos forte. Mesmo tendo países tão importantes como a
Alemanha ou a França, ou outros, mais dois ou três essenciais, verdadeiramente
essenciais", sustentou.
Esta foi a terceira edição do Fórum La Toja, promovido pela
Fundación La Toja, que é presidida pelo empresário galego do setor da hotelaria
Amancio López Seijas.
Fonte: Lusa, 1 de abril de 2025
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