Morte de Portnov em Madrid: 8 tiros em 5 segundos
Perry Mason
(1957-1966) – Terry Huntingdon, Maura McGiveney, Stephen Bekassy
Assassinado
na passada quarta-feira à porta do colégio das filhas, a morte de Andriy
Portnov, ex-assessor do antigo presidente ucraniano Víktor Yanukovych, terá
sido planeada. Segundo as autoridades, o advogado ucraniano foi alvo de nove
tiros, sendo o último disparado diretamente na
nuca, para garantir que estava morto
“Cinco segundos para os primeiros oito disparos e mais um
quando já estava caído no chão”, dizem os peritos da Polícia Nacional de
Espanha, citados pelo El País. Os cartuchos recolhidos revelam que as
balas utilizadas pelo assassino — ainda em fuga — são parabellum de nove
milímetros o que sugere que terá usado “uma arma
ocidental, potente e moderna, com uma ampla capacidade de
carregador”, explicam ainda ao jornal espanhol. “Possivelmente, ao efetuar os
disparos com uma única arma, fê-lo a muito curta distância e o número de
disparos indica o interesse em garantir um resultado letal”, acrescentam. “Existem
pistolas russas mais modernas, como a Yarygin ou a Gryazev, que têm uma grande
capacidade de carregador e são fabricadas em 9 Parabellum, mas não chegaram ao
Ocidente. São utilizadas apenas pelas forças especiais e de segurança russas,
pelo que é correto pensar que esta pistola é de fabrico ocidental”. Desta
forma, os investigadores sugerem que seja menos provável o envolvimento de
serviços secretos estrangeiros.
Foi avançado primeiramente que Portnov foi baleado por “dois
ou três suspeitos”, mas foi, entretanto, confirmado pela polícia que, para além
do autor dos disparos, há dois cúmplices que se camuflaram numa zona arborizada
junto à escola, para onde fugiu depois do assassinato, e de onde escaparam
depois de carro. Os três, que estão a ser procurados, sabiam ainda a
localização das câmaras próximas e procuraram deliberadamente os ângulos
mortos. A polícia sugere ainda que foram utilizados silenciadores improvisados.
O facto de haver cúmplices sugere também que o assassinato
foi planeado. Tiveram de estudar a rotina de Portnov para saberem que naquela
quarta-feira de manhã estaria à porta do Colégio Americano. Sabe-se ainda,
segundo o El Mundo, que o atacante seguiu Portnov e esperou que deixasse
as filhas, de 10 e 14 anos, na escola. O inquérito sobre os hábitos de vida do
advogado ucraniano está agora a ser realizado pelos investigadores da Polícia
Nacional espanhola, que concluiriam que, “por vezes, levava consigo pessoas de
confiança para lhe prestarem serviços de segurança. No entanto, não dispunha de
guarda-costas profissionais naquela quarta-feira”.
Segundo o El País, o facto de Portnov recorrer apenas
ocasionalmente a um serviço de segurança privada para o proteger sugere que se
sentia seguro em Madrid, onde, aparentemente poucas pessoas sabiam que vivia
desde 2022, depois da invasão russa à Ucrânia. No entanto, no ano passado a sua
localização foi revelada depois de ter passado uma mansão avaliada em 2,5
milhões de euros, que possuía nos arredores de Kiev, para o nome dos quatro
filhos. Para tal, foi preciso dirigir-se a um notário em Madrid, que
posteriormente enviou a documentação para a Ucrânia, onde a transação foi
formalizada através da sua advogada, Marina Parinova.
Apesar de ainda não se saber a motivação do crime, há a possibilidade de Portnov, antes de morrer, estar a
trair a Rússia uma vez que fontes
dos serviços secretos afirmam que o ucraniano e os agentes espanhóis mantiveram
conversações informais. No entanto, os porta-vozes oficiais da Unidade Central
de Criminalidade Especializada e Violenta de Espanha negam estes contactos.
Fonte: Observador, 26 de maio de 2025
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