Televoto na Eurovisão debaixo de fogo: televisão pública da Bélgica exige “total transparência sobre as regras e o sistema de votação”

Perry Mason (1957-1966) – David Sheiner, Joyce Meadows

"A VRT pede à União Europeia de Radiodifusão (UER) total transparência sobre as regras e o sistema de votação e faz, novamente, um apelo explícito para encetar um debate com todos os países, por compromisso e preocupação genuína com a sobrevivência do concurso", declarou em comunicado, citada pela Efe, a porta-voz da emissora, Yasmine Van der Borght

A televisão pública de língua neerlandesa da Bélgica, VRT, exigiu hoje à organização do Festival Eurovisão "total transparência" sobre o sistema e as regras de votação, e pôs em causa a participação da emissora em futuras edições do concurso.

"A VRT pede à União Europeia de Radiodifusão (UER) total transparência sobre as regras e o sistema de votação e faz, novamente, um apelo explícito para encetar um debate com todos os países, por compromisso e preocupação genuína com a sobrevivência do concurso", declarou em comunicado, citada pela Efe, a porta-voz da emissora, Yasmine Van der Borght.

A emissora interrompeu a sua transmissão durante a atuação de Israel na final, tal como já tinha feito em 2024, e exibiu um ecrã negro criticando as violações dos direitos humanos em Gaza, o silêncio da imprensa, e apelou a um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

Já a RTVE, emissora pública de Espanha, publicou na sua conta oficial da rede social X, momentos antes do início da final do concurso, uma mensagem em inglês e espanhol, sobre um fundo preto, na qual se lia: "Perante os direitos humanos, o silêncio não é uma opção. Paz e justiça para a Palestina".

A mesma mensagem foi transmitida pela TVI, pouco antes do início do Festival Eurovisão da Canção, em Basileia, na Suíça, e que contou com Israel entre os países em competição.

A cadeia belga VRT acrescentou que colabora bem com a UER "em muitas áreas", mas sublinhou: "Sem uma resposta séria às nossas preocupações sobre a Eurovisão, colocamos em causa a nossa futura participação".

A cadeia pública flamenga explicou que, nos últimos meses, tentou, "na medida do possível, iniciar um debate de fundo sobre a Eurovisão" e lamentou ter-se deparado com "pouca disponibilidade para entabular essa conversação em profundidade".

"Constatamos que a Eurovisão, tal como está organizada atualmente, é cada vez menos um evento unificador e apolítico. Entra, cada vez mais, em contradição com os valores originais do concurso e com os valores do serviço público de radiodifusão", acrescentou a VRT.

Paralelamente, o partido socialista flamengo Vooruit pediu uma investigação aprofundada sobre o televoto do público, que, no caso da Bélgica, atribuiu os 12 pontos máximos a Israel, enquanto o júri profissional não lhe concedeu qualquer pontuação.

"Um sistema em que cada pessoa pode votar até 20 vezes é um sistema que fomenta a manipulação. É necessário examinar se essa manipulação ocorreu no nosso país e nos restantes países participantes e não participantes. A VRT deveria tomar a iniciativa de solicitar esta investigação, e abrir o debate sobre o sistema de televoto dentro da UER e sobre a participação de Israel", declarou, em comunicado, a deputada social-democrata Katia Segers.

Fontes da televisão pública de Espanha, citadas por diversos meios de comunicação social locais, disseram hoje que a RTVE vai pedir uma auditoria aos resultados do televoto no país na edição deste ano da Eurovisão.

Também hoje, o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, defendeu a exclusão de Israel do Festival Eurovisão da Canção e de outras competições internacionais, tal como aconteceu com a Rússia após a invasão da Ucrânia, em 2022.

"Não podemos permitir duplos standards", disse Sánchez, num discurso num evento em Madrid em que realçou que "ninguém levou as mãos à cabeça" quando a Rússia foi excluída de competições desportivas internacionais ou de iniciativas como a Eurovisão.

A polémica, em linha com a controvérsia gerada em Espanha, surge após Israel ter ficado em segundo lugar no concurso, estando prestes a superar a Áustria, que venceu nos momentos finais, entre celeumas ligadas à grave situação humanitária na Faixa de Gaza.

A atuação israelita obteve apenas 60 pontos por parte do júri profissional, ficando na décima quinta posição, mas somou também 297 pontos do voto popular, que representa 50% da ponderação no resultado final.

Por sua vez, a Áustria recebeu 258 pontos do júri e 178 pontos do público.

Fonte: Expresso, 19 de maio de 2025

Eurovisão: Espanha pede investigação ao televoto que deu pontuação máxima a Israel, RTP prepara “posição oficial”

A televisão pública espanhola vai pedir uma auditoria às contas do televoto espanhol, que deu pontuação máxima a Israel no Festival da Eurovisão. Também na votação do público português, Israel recebeu o maior número de pontos: Gonçalo Madail, coordenador geral do Festival da Canção, avança à BLITZ que a RTP está a preparar uma posição oficial

A RTVE, Rádio e Televisão Espanhola, vai pedir uma auditoria ao televoto espanhol, que deu pontuação máxima à canção de Israel, ‘New Day Will Rise’, de Yuval Raphael, na final da Eurovisão do passado sábado. A emissora pública espanhola pede, também, que seja revisto todo o sistema de votação do público.

Segundo o que a BLITZ apurou junto do diretor de programas Gonçalo Madail, a RTP está a preparar a sua posição oficial – também o televoto português deu 12 pontos, a pontuação máxima, à canção israelita, posição não refletida pelo júri, que não deu qualquer ponto a ‘New Day Will Rise’.

Apesar de só ter conquistado 60 pontos na votação geral do júri, a canção israelita foi a mais votada pelo público da Eurovisão, tendo conquistado um total de 297 pontos. ‘New Day Will Rise’ acabaria por ficar no segundo lugar, com menos 79 pontos do que a canção vencedora, a da Áustria, ‘Wasted Love’, de JJ.

Além de Espanha e Portugal, a canção israelita recebeu mais 11 pontuações máximas da parte do público: Austrália, Azerbaijão, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Suécia, Suíça, Reino Unido e resto do mundo. No que diz respeito à votação do júri, apenas o Azerbaijão deu 12 pontos a ‘New Day Will Rise’.

As regras do televoto permitem que a mesma pessoa vote 20 vezes por dispositivo ou cartão de crédito e a votação da Eurovisão é, desde 2004, analisada pela Once, empresa independente alemã. A RTVE defende que o método poderá não ser o mais apropriado para o contexto atual de conflitos armados, como o que acontece em Gaza, acreditando que os resultados podem ser influenciados por esses conflitos. A emissora espanhola poderá não ser a única a pedir uma revisão do sistema de televoto.

Depois de os comentadores espanhóis terem tecido considerações sobre a guerra Israel-Hamas durante a transmissão da segunda semifinal, aquela em que Israel participou, a União Europeia de Radiodifusão ameaçou a televisão pública espanhola com uma multa caso voltasse a mencionar o número de mortos em Gaza. A RTVE reagiu emitindo uma mensagem de apoio à Palestina momentos antes de iniciar a sua transmissão da final: “No que toca a direitos humanos, o silêncio não é uma opção. Paz e justiça para a Palestina”.

Fonte: Expresso, 19 de maio de 2025

Festival da Eurovisão: "RTP não disse que ia preparar uma posição oficial sobre o televoto em Portugal na canção israelita"

Os resultados do televoto da canção israelita têm levantado dúvidas. Ao SAPO Mag, o canal público reagiu às notícias

A presença de Israel no Festival Eurovisão da Canção foi contestada por várias estações de televisão, por artistas que já participaram no concurso e por milhares de espectadores. Na final, a canção "New Day Will Rise", de Yuval Raphael, com 357 pontos, conquistou o segundo lugar.

Na tarde desta segunda-feira, dia 19 de maio, a Blitz adiantou que RTP estaria a preparar a sua posição oficial. Ao SAPO Mag, fonte oficial da estação pública sublinhou que "houve uma interpretação errada das palavras do responsável da RTP pela Música e Artes de Palco, Gonçalo Madaíl, à Blitz,".

"A RTP não disse que ia preparar uma posição oficial sobre o televoto em Portugal na canção israelita", frisou a RTP.

Na nota, o canal sublinha que "o processo de votação do público no Festival Eurovisão da Canção é da exclusiva responsabilidade da EBU (União Europeia de Radiodifusão), entidade que contrata diretamente as Operadoras de Comunicações em cada país participante, como se tem verificado nos últimos anos".

"Continuaremos, como sempre, atentos aos desenvolvimentos e a participar legitimamente nos fóruns a que pertencemos", acrescenta fonte oficial da RTP ao SAPO Mag.

Em Portugal, a canção de Israel recebeu a pontuação máxima do televoto (12 votos).

Os resultados do televoto da canção israelita têm levantado dúvidas, nomeadamente por parte da estação pública espanhola. Esta segunda-feira, 19 de maio, de acordo com o El País, a RTVE (Radio y Televisión Española) solicitou uma auditoria ao organismo responsável pelo festival para investigar o televoto espanhol, que atribuiu os 12 pontos (pontuação máxima) a Israel — já o júri de Espanha não deu pontos à canção de Yuval Raphael.

Na tarde desta terça-feira, a televisão pública de língua neerlandesa da Bélgica, VRT, exigiu à organização "total transparência". "A VRT pede à União Europeia de Radiodifusão (UER) total transparência sobre as regras e o sistema de votação e faz, novamente, um apelo explícito para encetar um debate com todos os países, por compromisso e preocupação genuína com a sobrevivência do concurso", disse a porta-voz da emissora, Yasmine Van der Borght, citada pela agência Efe.

De acordo com a imprensa local, o canal interrompeu a sua transmissão durante a atuação de Israel na final e exibiu um ecrã negro, com mensagens sobre as violações dos direitos humanos em Gaza.

Além de Portugal e Espanha, 10 outros países atribuíram os 12 pontos do televoto a Yuval Raphael. Segundo os dados partilhados no site do festival da Eurovisão, os espectadores da Austrália, Azerbaijão, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Suécia, Suíça e Reino Unido também entregaram o primeiro lugar a Israel.

Da votação dos espectadores da Ucrânia resultou um ponto para "New Day Will Rise". Já na Arménia, Croácia e Polónia, a canção obteve zero pontos do televoto.

O tema israelita foi o mais votado pelo público, com 297 pontos. Já os júris nacionais entregaram apenas 60 pontos à canção, com 22 países a não pontuarem Yuval Raphael — Portugal, Austrália, Arménia, Áustria, Bélgica, Chéquia, Estónia, Islândia, Itália, Letónia, Lituânia, Malta, Montenegro, Noruega, Países Baixos, Polónia, Reino Unido, São Marinho, Sérvia, Espanha, Suécia e Suíça. Os jurados do Azerbaijão foram os únicos a dar pontuação máxima a Israel.

Em Portugal, Espanha, Austrália, Bélgica, Países Baixos, Suécia, Suíça e Reino Unido, o contraste entre o televoto e o voto dos jurados chamou a atenção, com o público a conceder 12 pontos, enquanto os júris não atribuíram qualquer ponto à canção.

A canção vencedora, de JJ, com "Wasted Love", pela Austria, recebeu 178 pontos no televoto e 258 pontos dos júris.

Fonte: Sapo Mag, 19 de maio de 2025

Se acreditam que as classificações da Eurovisão resultam do voto popular e não manipulações através de centrais de bots, então também acreditam que Benjamin Netanyahu está a erradicar o Hamas.

Na edição de 2024 da Eurovisão, Israel obteve a pontuação máxima — os 12 pontos do televoto — dos seguintes países Austrália, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, São Marino, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido, para além do agregado "resto do mundo". No total, somou 323 pontos no voto popular.

Na edição de 2025, alcançou a pontuação máxima de 12 pontos do televoto nos seguintes países: Espanha, Alemanha, Austrália, Azerbaijão, Bélgica, França, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça e o “resto do mundo”. No total, somou 297 pontos no voto popular.

Possível método de votação de Israel:

1. Infraestrutura

Os bots operam geralmente em servidores dedicados (on-premise ou cloud) ou em redes distribuídas, como botnets, aproveitando dispositivos comprometidos para executar chamadas ou enviar mensagens em grande escala.

2. Automatização

Recorrem a scripts automatizados, frequentemente desenvolvidos em Python, Go ou Node.js, e em certos casos incluem módulos de inteligência artificial para simular interações humanas com sistemas IVR (Interactive Voice Response) ou códigos DTMF. Estes scripts são coordenados por controladores centrais, permitindo ataques organizados com variações contextuais.

3. Comunicação

Os bots comunicam com serviços externos via APIs, tais como Twilio, Nexmo ou Infobip, e utilizam redes VoIP e plataformas de bulk SMS para emular votações legítimas. Técnicas como caller ID spoofing permitem disfarçar a origem das chamadas, mascarando o rasto digital.

4. Controlo e monitorização

Painéis administrativos (bot controllers) permitem a orquestração em tempo real de ataques, monitorização de eficácia, rotação de IPs, regulação da taxa de chamadas, e ajuste de estratégias conforme a resposta do sistema-alvo. Algumas infraestruturas integram também dashboards com analytics de desempenho por região, provedor ou tipo de interação.

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