EUA aplicam sanções a 'frota fantasma' petrolífera iraniana e Hezbollah
O.P.J.
Pacific Sud (2019) - Wénael Astier, Marielle Karabeu, Elisabeth Teharuru
O Departamento de Estado norte-americano aplicou hoje
sanções à 'frota fantasma' petrolífera iraniana e ao movimento armado libanês
Hezbollah, apoiado por Teerão, acusando a República Islâmica de usar as
receitas do tráfico para desestabilizar a região.
"O regime iraniano
continua a alimentar conflitos e instabilidade no Médio Oriente, a interromper
os fluxos comerciais e a financiar grupos terroristas (...). Agora, os Estados Unidos estão a tomar
medidas para conter o fluxo de receitas que o regime utiliza para apoiar tais
atividades desestabilizadoras, bem como para
oprimir o seu próprio povo", refere em comunicado o
departamento do secretário de Estado Marco Rubio.
O Departamento de Estado designa várias empresas e
embarcações da frota 'fantasma' envolvidas na evasão de sanções através da
venda e transporte de petróleo, produtos petrolíferos e produtos petroquímicos
iranianos, em linha com ordens do presidente Donald Trump que "determinam a imposição da máxima pressão económica sobre
o regime iraniano".
As entidades envolvidas nas exportações petroquímicas
iranianas incluem a Kaveh Methanol Company, proprietária e operadora de uma
refinaria e terminal de metanol no Irão; a Aria Sina Control International
Technical Inspection; e a Asian Sea Angel Shipping Co., agente de transporte
que facilitou a escala de um navio que transportava metanol e o carregamento de
produtos petroquímicos iranianos em diversas ocasiões, apoiando uma empresa
anteriormente alvo de sanções, Trilliance Petrochemical Co.
O Departamento de Estado tem ainda como alvo empresas de
gestão de embarcações e os seus navios-tanque que "transportaram,
coletivamente, milhões de barris de petróleo bruto e derivados iranianos".
"Além disso, estas embarcações têm-se envolvido rotineiramente em 'atividades obscuras',
operando com o sistema de identificação automática (AIS) de localização e
sinalizador de identidade desativados. Este comportamento, concebido para
ocultar a origem iraniana das cargas das embarcações, representa um risco
direto e desnecessário para outras embarcações, dado que o AIS é um sistema
essencial utilizado para evitar colisões", refere a nota.
As entidades alvo de sanções são a Sai Saburi Consulting
Services, gestora comercial indiana de dois navios-tanque de GPL, o Bateleur e
o Neel; a Breeze Marine Asset Management, uma empresa de gestão comercial
registada nas Ilhas Marshall e com sede nos Emirados Árabes Unidos, que detém o
petroleiro Artemis III; e a Isle Innovation Inc, gestora comercial do
petroleiro Rieveria I, com sede no Panamá.
Como resultado das sanções, todos os bens e participações de
entidades designadas que estejam nos Estados Unidos ou na posse ou controlo de
cidadãos norte-americanos estão bloqueados e devem ser reportados ao
Departamento do Tesouro e são proibidas todas as transações por cidadãos
norte-americanos que envolvam quaisquer bens ou interesses em bens de entidades
designadas ou bloqueadas.
Numa outra nota, o Departamento de Estado refere que, para
"conter o fluxo de receitas que o regime
iraniano utiliza para apoiar o terrorismo no estrangeiro e oprimir o seu
próprio povo", aplicou sanções a redes de contrabando de
petróleo que, coletivamente, "transportaram e compraram milhares de
milhões de dólares em petróleo iraniano".
Entre as entidades sancionadas está uma rede de empresas
gerida pelo empresário iraquiano Salim Ahmed Said, "que lucraram com o
contrabando de petróleo iraniano disfarçado ou misturado com petróleo
iraquiano".
Numa outra nota, o executivo afirma ter sancionado sete
altos funcionários e uma entidade ligada à Al-Qard Al-Hassan (AQAH), uma
instituição financeira controlada pelo Hezbollah.
"Estes funcionários, através das suas funções de
gestão, facilitaram a evasão das sanções por parte do Hezbollah, permitindo à
AQAH realizar milhões de dólares em transações através de contas
'fantasma'", refere o Departamento de Estado.
O Departamento de Justiça, adianta, está a oferecer uma recompensa de até 10 milhões de
dólares por informações sobre os mecanismos financeiros do
Hezbollah.
"Os Estados Unidos continuam empenhados em apoiar o Líbano, interrompendo esquemas que
reforçam a influência desestabilizadora do Hezbollah. Continuaremos a empregar
todas as ferramentas disponíveis para garantir que este grupo terrorista deixa
de representar uma ameaça para o povo libanês e para a região", adianta.
O Departamento de Estado já tinha anteriormente designado o
Hezbollah como organização terrorista estrangeira.
Fonte: Diário de Notícias da Madeira, 2 de julho de 2025
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