Treze pessoas suicidaram-se após acusações injustas dos Correios britânicos
Perry Mason
(1957-1966) – Kenneth MacDonald
Pelo menos 13 pessoas ter-se-ão suicidado no Reino Unido
após serem injustamente acusadas de desviar dinheiro dos Correios britânicos,
um erro provocado por uma falha informática, revela um relatório publicado
hoje.
Entre 1999 e 2015, centenas de pessoas que trabalhavam nas
agências dos Correios britânicos [Post Office em inglês] foram injustamente condenadas por roubo, fraude e falsa
contabilidade, tendo algumas sido presas e outras forçadas a declarar falência.
Alguns perderam as suas
casas, enquanto outros sofreram problemas de saúde e nas suas relações
familiares ou foram ostracizados pelas suas comunidades.
O juiz aposentado Wyn Williams, que preside a um inquérito
público sobre o escândalo, afirmou num relatório publicado hoje que 13 pessoas
se suicidaram e outras 59 tiveram pensamentos suicidas devido ao impacto nas
suas vidas.
O culpado foi um sistema informático de contabilidade
chamado Horizon, desenvolvido pela
empresa japonesa Fujitsu, introduzido pelos Correios há 25 anos nas agências
para automatizar a contabilidade das vendas.
No entanto, o programa apresentava frequentemente défices
falsos nas contas, levando os Correios a processar judicialmente os gerentes
das agências por desonestidade para os obrigar a reembolsar o dinheiro.
No total, o relatório refere que cerca
de mil pessoas foram processadas e condenadas com base no sistema defeituoso.
De acordo com a BBC, uma mulher, que jurou ser inocente, foi enviada
para a prisão por roubo enquanto estava grávida. Um homem morreu supostamente
por suicídio depois de o sistema mostrar que ele tinha perdido quase 100 000
libras.
Os problemas dos Correios, que são propriedade do Estado mas
funcionam como uma empresa privada, eram conhecidos há anos.
Mas a dimensão total da injustiça só se tornou amplamente
conhecida no ano passado, quando o programa de ficção televisivo “Mr Bates vs
The Post Office”, inspirado no caso, galvanizou o apoio às vítimas.
O governo introduziu, entretanto, legislação para anular as
condenações e indemnizar as vítimas.
O relatório de terça-feira foi o primeiro a ser publicado
pelo inquérito, que deverá emitir um novo relatório numa data posterior, no qual serão potencialmente identificados culpados.
Fonte: Lusa, 8 de julho de 2025
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