EUA impõem Lei Magnitsky ao juiz brasileiro Alexandre de Moraes
Perry Mason
(1957-1966) – Wilton Graff, Arch Johnson
Os Estados Unidos impuseram esta quarta-feira a Lei
Magnitsky ao juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes,
dispositivo que impõe sanções económicas por violações graves contra os
direitos humanos ou corrupção.
A Lei Magnitsky, formalmente designada Lei de Revogação Jackson–Vanik para a Rússia e a Moldávia e de Responsabilização pelo Estado de Direito Sergei Magnitsky de 2012, é uma proposta legislativa bipartidária aprovada pelo Congresso dos EUA e promulgada pelo presidente Barack Obama em dezembro de 2012. O seu objetivo era punir os responsáveis russos pela morte do advogado fiscal Sergei Magnitsky, ocorrida numa prisão de Moscovo em 2009, e também conceder à Rússia e à Moldávia o estatuto de relações comerciais normais permanentes, através da revogação da aplicação da emenda Jackson–Vanik.
A Lei Magnitsky Global de 2016, integrada na Lei de Autorização da Defesa Nacional (NDAA) de 2017, autoriza o governo dos Estados Unidos a sancionar funcionários governamentais estrangeiros em todo o mundo que cometam violações dos direitos humanos, congelar os seus bens e proibi-los de entrar nos Estados Unidos.
Fonte: Wikipédia
"Alexandre de Moraes assumiu para si o papel de juiz e
júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos Estados Unidos
e do Brasil", frisou, em comunicado, o secretário do Tesouro dos EUA,
Scott Bessent, referindo-se à acusação de tentativa de golpe de Estado por
parte do ex-presidente Jair Bolsonaro e à batalha do juiz contra a
desinformação nas plataformas das `big techs`.
Esta decisão representa mais uma escalada da guerra
comercial e diplomática iniciada pelo governo de Donald Trump contra o governo
de Lula da Silva, a dois dias das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos
ao Brasil entrarem em vigor.
"Moraes é responsável por uma campanha opressiva de
censura, detenções arbitrárias que violam os
direitos humanos e processos judicializados com motivação política,
inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro", lê-se na mesma nota,
numa referência ao processo contra o núcleo duro `bolsonarista` sobre o
planeamento de um golpe de Estado, mas também aos processos contra radicais que
a 8 de janeiro de 2023 invadiram e atacaram as sedes dos três poderes em
Brasília.
A medida anunciada hoje representa uma nova pressão por
parte da administração de Donald Trump, que a 18 de julho já tinha revogado o
visto do juiz e proibido a sua entrada em território norte-americano.
As sanções hoje anunciadas
bloqueiam os possíveis bens e propriedades de Alexandre de Moraes nos Estados
Unidos e proíbem os cidadãos norte-americanos de realizarem com ele qualquer
transação e surgem depois do juiz
ter decretado várias medidas cautelares a Bolsonaro, como o uso de pulseira
eletrónica, a proibição de utilizar redes sociais e ainda recolher obrigatório
noturno.
Eduardo Bolsonaro, deputado
federal e filho do ex-presidente brasileiro, que se encontra nos Estados Unidos
a articular e fazer lobby para a imposição de sanções contra o Brasil reagiu nas redes sociais declarando que estas
sanções representam "um marco histórico e um alerta: abusos de autoridade
agora têm consequências globais".
"Chegou a hora do
Congresso agir. A amnistia ampla, geral e irrestrita é urgente para restaurar a
paz, devolver a liberdade aos perseguidos e mostrar ao mundo que o Brasil ainda
acredita na democracia", escreveu, referindo-se ao facto das
sanções tanto económicas como diplomáticas estarem intimamente ligadas ao
processo de Jair Bolsonaro.
Antes deste anúncio, numa entrevista publicada hoje pelo The
New York Times, o presidente brasileiro, Lula da Silva, frisou que quer
negociar com os Estados Unidos, mas avisou que "em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um
país pequeno contra um país grande".
"Eu acho que é importante que o Trump considere: se ele
quer ter uma briga política, então vamos ter uma briga política. Se ele quer
falar de comércio, então vamos sentar e conversar sobre comércio. Mas você não
pode misturar os dois", disse.
O presidente brasileiro aguarda uma chamada do homólogo
norte-americano para discutir as tarifas de 50% que este impôs às exportações
brasileiras, mas tem um plano de contingência nas mãos para ser ativado caso as
taxas comecem na sexta-feira, como anunciou Trump.
Tanto o Palácio do Planalto (Presidência) como o Congresso
brasileiro trabalham ativamente nos bastidores num esforço para reforçar o
interesse do Brasil numa negociação das tarifas de 50%, que foram anunciadas no
dia 9 de julho numa carta de Trump publicada nas redes sociais e endereçada ao presidente
brasileiro, com a justificação (não factual) de fluxo de comércio injusto entre
os dois países e pela alegada "caça às bruxas" do sistema judicial
brasileiro ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de
golpe de Estado.
Fonte: RTP, 30 de julho de 2025
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