Ministro israelita rezou num lugar sagrado para muçulmanos

Anthropoid (2016)

O ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, visitou, este domingo, a Esplanada das Mesquitas, local onde se encontra a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, uma zona considerada sagrada para os muçulmanos e também com grande simbolismo para judeus. O governante de extrema-direita chegou mesmo a rezar naquele local religioso, algo que não é permitido para judeus e cristãos à luz do status quo que vigora, ainda que possam visitar o complexo.

Os judeus assinalam este fim de semana o Tisha B’Av, um dia de jejum e luto, numa evocação à destruição de dois Templos de Jerusalém. A propósito da data, acompanhado por vários apoiantes, Itamar Ben-Gvir desafiou o status quo e visitou a Esplanada das Mesquitas (conhecida pelos judeus como Monte do Templo), onde rezou e fez um discurso.

Citado pelo Times of Israel, o ministro defendeu a “soberania” de Israel. “Daqui, devemos mandar uma mensagem que hoje nós já estamos a ocupar toda a Faixa de Gaza. Devemos eliminar todos os membros do Hamas e encorajar a emigração voluntária [das pessoas de Gaza]. Apenas desta forma vamos trazer os reféns de volta e alcançar uma vitória nesta guerra.”

Neste momento, são polícias israelitas que gerem a entrada da Esplanada das Mesquitas. No entanto, o local é gerido por uma associação religiosa jordana, que apenas permite a visita de judeus e cristãos. Itamar Ben-Gvir quis desafiar essa norma, mas o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, veio garantir, momentos depois, que o status quo se vai manter em vigor — e que as regras da Esplanada das Mesquitas não se vão alterar.

Os países de maioria muçulmana deixaram duras críticas a Itamar Ben-Gvir. A Jordânia disse que a visita do ministro de Israel ao Monte do Templo é provocação. O ministério dos Negócios Estrangeiros jordano considerou, em comunicado, que esta visita é “inaceitável” e uma “flagrante violação ao direito internacional”.

Na mesma forma, o ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita atacou as “provocações repetidas feitas por israelitas”. “Apenas serve para aumentar o conflito na região e violam normas e leis internacionais”, criticou a diplomacia de Riade, que pediu à comunidade internacional para parar com as “práticas israelitas de ocupação”.

Um porta-voz do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, condenou também a visita do ministro de Israel: “Pisou todas as linhas vermelhas”. “A comunidade internacional, especificamente a administração dos Estados Unidos, deve intervir imediatamente para pôr fim aos crimes dos colonos e às provocações dos governantes de extrema-direita”.

O Hamas condenou uma “escalada da agressão contra o povo palestiniano” e uma “provocação dos sentimentos dos muçulmanos em todo o lado”. A Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, é um dos lugares mais sagrados para os muçulmanos, apenas atrás de Meca e Medina.

Em paralelo, o Monte do Templo é visto como um dos mais sagrados do judaísmo, dado que foi naquela zona que existiram o Primeiro e o Segundo Templo, o centro do culto religioso judaico e que eram considerados a morada terrestre de Deus. Hoje em dia, continua a ser um polo importante para a identidade judaica.

Fonte. Observador, 3 de agosto de 2025

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