Tribunal isenta Trump de multa de quase 500 milhões, mas mantém que presidente é “responsável por fraude”
Perry Mason
(1957-1966) – Edward Platt
O chefe
de Estado havia recorrido da sentença que o condenava a pagar 446 milhões de
dólares (400 milhões de euros) após ser considerado culpado em processo por
fraude
O presidente norte-americano, Donald Trump, celebrou esta
quinta-feira uma decisão de recurso judicial que o isenta de uma multa de 446
milhões de dólares (400 milhões de euros) por fraude, da qual a procuradoria
vai recorrer.
Um tribunal de recurso do Estado de Nova Iorque considerou,
em decisão divulgada esta tarde, "excessiva" a multa multimilionária imposta em 2024, e que
esta viola a 8.ª emenda da Constituição norte-americana, que proíbe sentenças
desproporcionais.
A procuradora-geral do Estado, Letitia James, anunciou de
imediato que irá recorrer da decisão, salientando que o tribunal de recurso
confirmou que Trump e dois dos seus filhos, também arguidos no caso, eram de
facto "responsáveis por fraude".
Recorrendo a um dos termos que mais usa nos vários casos
judiciais em que é visado, Trump qualificou de
"caça às bruxas política" a
condenação por fraude em Nova Iorque.
"Tudo o que fiz foi absolutamente CORRETO e até PERFEITO", publicou na plataforma Truth Social, num longo texto em que visa James, o juiz e todos os procedimentos judiciais que levaram à sua condenação no ano passado, em plena campanha eleitoral.
Aproveitou também para fazer referência aos outros casos de
que é alvo e juízes "corruptos" a que estão entregues.
Em 2023, após uma ação judicial interposta pelo Ministério
Público de Nova Iorque, Trump e os seus filhos Donald Jr. e Eric foram
considerados culpados de fraude recorrente na Trump Organization, por inflacionar os ativos da empresa na década de 2010.
Os ativos sobreavaliados incluíram os seus arranha-céus,
hotéis de luxo e campos de golfe em todo o mundo. O
objetivo era obter empréstimos bancários mais favoráveis e melhores condições
de seguro. Trump e os seus filhos alegaram erros contabilísticos
simples, cometidos de boa-fé.
O juiz Arthur Engoron decidiu que a família Trump, a sua
empresa e dois sócios eram responsáveis por fraude ao longo de anos e ordenou o
cancelamento das suas licenças de operação no estado, resolvendo a principal
acusação do caso e pondo em risco os rendimentos
da família.
Além da multa que lhe foi aplicada em fevereiro de 2024,
Trump e os filhos ficaram também banidos de cargos de gestão empresarial
durante três anos.
Trump, então pré-candidato republicano a um segundo mandato
presidencial, criticou o sistema de justiça, que alegava estar nas mãos dos
democratas do ex-presidente Joe Biden, procurando fundamentar motivações
políticas no caso.
O julgamento foi marcado pela postura altiva e desafiante de
Trump, que criticou frequentemente o processo em declarações à imprensa à porta
do tribunal, tendo sido repreendido várias vezes pelo juiz Arthur Engoron.
Donald Jr. recorreu à rede social X para qualificar a
decisão de hoje como uma "Vitória Enorme!!!".
"Sempre foi uma caça às
bruxas, uma interferência eleitoral e uma completa farsa da justiça... e até um
tribunal de recurso de Nova Iorque, de tendência progressista, concorda!",
exultou o filho mais velho de Trump.
O conselheiro de comércio de Trump, Peter Navarro, foi mais longe e atacou a
procuradora-geral, dizendo que o lugar de James deveria ser "na
cadeia".
"Os democratas realmente
exageraram desta vez porque pensaram que podiam afastar Donald Trump",
afirmou aos jornalistas.
No início do mês, o Departamento de Justiça abriu uma
investigação à procuradora-geral de Nova Iorque, visando determinar se James e
a sua equipa abusaram da autoridade e violaram os direitos legais de Trump ao
processá-lo, assim como às suas empresas, noticiou a imprensa norte-americana.
Citado pelo The New York Times, o advogado de James,
Abbe Lowell, afirmou que a investigação é "o exemplo mais descarado e
desesperado da campanha de retaliação política do presidente".
Desde que Trump regressou à Casa Branca, James e outros
procuradores democratas processaram o seu governo várias vezes pelas suas
políticas em questões de imigração, direitos civis e outras.
Fonte: Expresso, 21 de agosto de 2025
Comentários
Enviar um comentário