Polícia linchado em fúria popular pela morte de uma criança em Moçambique
Perry Mason
(1957-1966) – Ray Collins, Robert Karnes
Um agente da polícia moçambicana foi esta segunda-feira
linchado por populares, após a morte de uma criança a tiro durante uma
perseguição na província de Maputo, sul de Moçambique, causando agitação
social, com viaturas queimadas e bloqueio da principal estrada do país.
“Após o trágico infortúnio [da morte da criança], a viatura
parou e os passageiros junto de outros populares
que assistiam ao fenómeno agrediram os [quatro] agentes, tendo,
infelizmente, linchado [um] membro da PRM, [integrante do grupo] (…), primeiro
cabo da polícia”, lê-se num comunicado do Comando-Geral da Polícia da República
de Moçambique (PRM), enviado à comunicação social.
Em causa estão quatro agentes da polícia que alegadamente
mataram a tiro uma criança de 12 anos, na província de Maputo, durante uma
perseguição, usando um carro particular, à viatura em que o menor seguia com os
seus pais para a província de Manica, no centro de Moçambique.
O comando-geral da polícia moçambicana refere que os agentes
dispararam contra a viatura após “tentativas frustradas de imobilização”, mas
sem mencionar as causas da perseguição.
“Por conseguinte, pelo sucedido, e como medidas tomadas, os
três agentes envolvidos encontram-se sob custódia policial (…). O comando-geral
da PRM repreende profundamente o comportamento desproporcional e imprudente
praticado pelos quatro agentes”, refere-se no comunicado.
A polícia moçambicana avançou que foi instaurado um processo
disciplinar contra os agentes “com vista à sua expulsão”, enquanto decorrem
outras diligências para a responsabilização criminal dos polícias.
Agentes agredidos e o bloqueio à principal estrada de
Moçambique
Além de agredir os agentes, em protesto contra a morte da
criança, os populares bloquearam a Estrada Nacional 1 (EN1), principal via
terrestre do país, desde às 06:00 [05:00 em Lisboa] da manhã, interrompendo a
circulação de viaturas em Bobole, na província de Maputo, anteriormente um dos
palcos de contestação dos resultados das eleições gerais de 9 de outubro,
constatou a Lusa no terreno.
Os populares queimaram também carros, levando a polícia a
disparar gás lacrimogéneo para dispersar a população e a circulação só foi
reposta às 12:00 [11:00 em Lisboa].
O comando-geral lamenta as mortes da criança e do agente da
corporação, enquanto pede que a sociedade moçambicana não se paute pela justiça
“pelas próprias mãos, independente das circunstâncias”.
Fonte: SIC Notícias, 1 de setembro de 2025
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