Imagens de Taylor Swift e Selena Gomez usadas pela Meta para criar chatbots sexuais

 


A Meta criou chatbots de cariz sexual, utilizando nomes e imagens de celebridades sem autorização, gerando imagens realistas e sugestivas de figuras públicas femininas. Uma investigação da Reuters revelou que alguns destes chatbots chegavam a convidar utilizadores para encontros de teor sexual

A Meta, responsável por plataformas como o Facebook, o Instagram e o WhatsApp, terá criado chatbots com carácter sexual, utilizando os nomes e as imagens de celebridades como Taylor Swift, Scarlett Johansson, Anne Hathaway e Selena Gomez, sem a devida autorização e consentimento.

Terão sido geradas imagens realistas e sugestivas, incluindo representações íntimas de figuras públicas femininas. Alguns dos chatbots chegavam a "convidar" os utilizadores para encontros de teor sexual, enquanto eram geradas imagens das celebridades em lingerie ou na banheira.

Segundo uma investigação da Reuters, alguns desses chatbots terão sido criados por um funcionário da empresa liderada por Mark Zuckerberg, incluindo versões paródia de Taylor Swift e outras figuras públicas, tendo alcançado mais de 10 milhões de interações.

"Talvez esteja a sugerir que escrevamos uma história de amor... sobre ti e uma certa cantora loira. Queres isso?”, terá dito o chatbot de "Taylor Swift", segundo a investigação da Reuters.

O caso está ainda a gerar mais polémica devido à criação de chatbots baseados em celebridades infantis, como o ator Walker Scobell, de 16 anos, conhecido pelo seu papel na série Percy Jackson (2023), que produziram imagens realistas consideradas impróprias.

Porta-voz da Meta fala em "falha da empresa"

Depois de terem sido expostos pela Reuters, a Meta removeu vários desses chatbots. Embora não tenha comentado diretamente a remoção, o porta-voz da Meta, Andy Stone, disse à agência de notícias que as ferramentas de IA da empresa não deveriam ter criado imagens íntimas de figuras públicas adultas nem qualquer imagem de celebridades infantis. Acrescentou ainda que houve uma falha por parte da Meta.

“Tal como outras empresas, permitimos a criação de imagens que incluam figuras públicas, mas as nossas políticas visam proibir imagens nuas, íntimas ou com conteúdo sexualmente sugestivo”, afirmou.

Segundo a Reuters, um dos principais concorrentes da Meta na área da Inteligência Artificial (IA), a plataforma Grok de Elon Musk, também gera imagens de celebridades em roupa interior a pedido dos utilizadores.

O perigo associado aos famosos "deepfakes"

Na mesma investigação, a agência de notícias alerta para a crescente popularidade dos “deepfakes”, que utilizam técnicas de IA para criar vídeos falsos, muitas vezes de teor sexual, envolvendo pessoas reais.

Essas manipulações podem alterar rostos, vozes e expressões faciais, tornando difícil distinguir o original da falsificação.

Fonte: SIC Notícias, 29 de agosto de 2025

Vivemos numa época em que a diferença entre o verdadeiro e o falso já não é apenas difícil de traçar: ela tornou-se irrelevante. Os deepfakes são apenas o sintoma mais espetacular desta dor de progresso. Rostos clonados por inteligência artificial, vaginas estetizadas, vozes ressuscitadas do além, discursos que nunca foram proferidos — e, no entanto, circulam com a mesma autoridade que as imagens de arquivo ou as transcrições parlamentares ou as declarações científicas. A tecnologia não cria apenas simulações; cria a ilusão de que algo “real” ainda está em jogo.

Mas a indistinção não se limita ao digital propriamente dito. Na política, os líderes já não precisam de ideias, convicções, visões de futuro — basta-lhes a encenação. Um aperto de mão coreografado, uma lágrima estrategicamente derramada, o palavreado oficial mesmo que desfasado da realidade: tudo se mistura no mesmo teatro mediático. E, para reforçar a ilusão de substância, entram em cena os comentadores televisivos — esses sacerdotes da verosimilhança — que transformam o vazio em narrativa, a insignificância em “leitura política” e o acaso em destino histórico. Assim se consolida o real falso, com o eleitor reduzido a consumidor passivo de fast food for thought.

O resultado é um mundo onde já não existe critério para separar o acontecimento da sua representação, o gesto do seu duplo, a biografia da personagem pública. Como num quadro de Magritte, lemos “Isto não é um cachimbo” enquanto inalamos a fumaça — e acreditamos.

A era digital, ao contrário do que se promete, não democratizou a verdade; democratizou a estética da credibilidade. A mala Gucci pode ser autêntica ou comprada num site duvidoso; o político pode ser um reformador ou um avatar bem treinado por spin doctors; a frase pode ter sido dita ou inventada por um algoritmo. Nada disso importa. O que importa é a circulação, a velocidade, o lucro.

E assim, a cada scroll, a distinção evapora-se — até que um dia restará apenas a certeza confortável de que nunca houve nada a distinguir.

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