Os gostos extravagantes na História, do apetite de Darwin por tapir, aos 10 ovos da sopa de Beethoven
Perry Mason
(1957-1966) – Tony Travis, Andra Martin
Neste
século XXI em que procuramos combater a uniformidade alimentar serve-nos de
exemplo olhar para o passado e descobrir as extravagâncias de alguns
históricos. Será que Darwin, Einstein ou Churchill apreciariam, hoje, uma pizza
industrial ou um hambúrguer desinteressante?
Desde 2009 que o site Ranker vem cativando os quase
50 milhões de utilizadores mensais a listagens e votações a propósito de tudo o
que pode ser levado a uma tabela. Na prática, poucos itens ficarão de fora.
Votações que incluem desde as casas mais icónicas em séries de televisão às
apostas sobre os vencedores dos Óscares. O mundo alimentar também está
consagrado em dezenas de categorias.
A página da empresa sediada em Los Angeles, lançou uma
votação no sentido de eleger entre 15 personalidades históricas, aquela com o
apetite mais extravagante no que toca aos comeres.
Embora possa ser discutível o
rigor histórico relativo à prova
sobre algumas das afeições alimentares das personalidades aqui listadas, sempre
nos aproxima das mesmas e nos traz uma abordagem menos conhecida, a dos pratos
que fariam, caso já tivesse sido inventado o automóvel, estes senhores
percorrerem duzentos quilómetros por umas tripas guisadas.
George Washington, primeiro presidente dos Estados
Unidos (1732-1799)
Um tempero frequente do período colonial americano era o
Ketchup de cogumelos, um molho rico, particularmente adorado pelo primeiro
presidente da jovem nação, os Estados Unidos da América. Consta que George
Washington terá começado por provar este ketchup sem tomate ainda durante o
serviço militar. Uma receita que incluía, naturalmente, o tomate, mas também
anchovas e rábano. Ainda hoje é produzido e utilizado por chefes de cozinha
como o criativo inglês Heston Blumenthal.
Charles Darwin, naturalista britânico (1809-1882)
Darwin não se limitava a viajar, catalogar e engendrar uma
teoria que viria a redefinir a forma como olhamos para o mundo e para nós
próprios. Na sua viagem a bordo do navio Beagle, para além de recolher
informação base para escrever o seu “A Origem das Espécies”, o naturalista
britânico, provava alguns dos animais que descobriu. Uma destas espécies
exóticas que, aparentemente, lhe terá agradado foi o Tatu, de carne “semelhante
a pato”.
Charlie Chaplin, ator, diretor e produtor
cinematográfico (1889-1977)
Ao que reza a história, o muito inspirado Charlie Chaplin,
nascido em Londres, no Reino Unido, morria de amores por três acepipes: tripa
estufada, ensopado de cordeiro e caril. Consta que seriam sabores que trazia
das suas memórias de infância, tanto que, em idade adulta, na sua casa nos
Estados Unidos, era frequente a esposa cozinhar os petiscos de eleição do
criador de filmes como “O Grande Ditador” (1940) numa pantomina do líder alemão
Adolf Hitler.
Winston Churchill, político britânico (1875-1965)
É inegável pelas provas fotográficas e filmadas que nos
chegam a este século XXI que o carismático político britânico não passava sem
um bom charuto. À mesa, os gostos de Winston Churchill não abandonavam um
palato requintado e, consta, que adorava uma sopa de tartaruga. Terá mandado,
inclusivamente, servir a dita sopa aquando da visita a Inglaterra do presidente
norte-americano Franklin Roosevelt.
Alfred Hitchcock, cineasta (1899-1980)
Se há realizador que deixou uma assinatura perene num género
cinematográfico, esse homem é o britânico Alfred Hitchcock, o “Mestre do
Suspense” que nos legou filmes como “Os Pássaros” ou “Vertigo”. Consta que, à
mesa, o cineasta adorava um bolo que continha entre os ingredientes presunto,
ovos, sal, noz-moscada, pimenta caiena, leite e uma cobertura de trigo.
Helen Keller, escritora e ativista social
norte-americana (1880-1968)
Para a história Helen Keller ficaria eternizada pela sua
carreira de escritora, conferencista e ativista de causas sociais, nomeadamente
em prol de pessoas com deficiência. Acresce que, não obstante a sua surdez e
cegueira foi a primeira pessoa a alcançar um bacharelato. Keller tinha
particular gosto por cachorros quentes. Tanto que as assistentes não raras
vezes saiam com a, também filósofa, para que pudesse degustar, numa banca de rua,
o hot dog.
Albert Einstein, físico teórico alemão (1879-1955)
Certo dia Albert Einstein inquirido sobre o que mais o
cativava em Itália, terá respondido, “pasta e matemática [aqui aludindo ao matemático
Tullio Levi-Civita]”. O homem que deu ao mundo, para o melhor e para o pior, a
fórmula E=mc2, adorava um bom prato de esparguete.
Napoleão Bonaparte, político e militar francês,
(1769-1821)
Diz-nos a História que Napoleão Bonaparte não colocava nas
exigências de mesa o mesmo empenho das campanhas militares que lançou na
Europa. Era frugal, nada gourmet, em suma um homem prático. Uma das batalhas
decisivas na sua jornada imperial foi a de Marengo, no Norte de Itália, contra
as tropas austro-húngaras. Aí, em 1800, nos fulgores da quezília o cozinheiro
de campanha, Dunand terá criado um prato de improviso à base de frango frito em
azeite com tomates e cebolas. Um acepipe para a posteridade que terá agradado a
Bonaparte.
Ludwig van Beethoven,
compositor alemão (1770-1827)
Ficou para a posteridade a afeição que o génio da música,
Ludwig van Beethoven, teria por sopa. Em concreto uma sopa de pão nada parca no
que respeita a ovos, entre dez a 12 unidades. Terá sido o criador das nove
sinfonias a afirmar que "qualquer um que diga uma mentira não tem um
coração puro e não pode fazer uma boa sopa".
Fonte: Sapo Lifestyle, 28 de agosto de 2025
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