O Pátio das Antigas: Quarteto, uma aventura que começou há 50 anos

Fez há pouco meio século que o inovador Cinema Quarteto abriu portas em Lisboa, oferecendo “quatro salas, quatro filmes” ao público alfacinha e ganhando a adesão imediata dos cinéfilos, que lhe foram fiéis durante décadas. Encerrou em 2007

No dia 21 de novembro de 1975, fez há dias meio século, Pedro Bandeira Freire inaugurou na Rua Flores do Lima, em Lisboa, o Cinema Quarteto, inspirado nos complexos de salas que tinha visto em Paris. “Quatro salas, quatro filmes” era o lema do novo cinema, o primeiro multiplex lisboeta (e nacional), e a intenção era mostrar o melhor cinema que se fazia então, com ênfase nos filmes ditos de “autor” de todas as paragens, nos independentes americanos e ainda na reposição de clássicos; e divulgar cineastas que nunca tinham tido obras estreadas em Portugal, devido à Censura do antigo regime ou a opções de distribuição.

O sucesso foi instantâneo e o Quarteto tornou-se também conhecido entre os cinéfilos pelas muitas e variadíssimas iniciativas. As meias-noites duplas das sextas-feiras, as maratonas de 24 horas nos dias de anos, as secções vindas do Festival de Cannes, os filmes de festivais portugueses, os ciclos temáticos, o acolhimento da Cinemateca durante um ano, após o incêndio que a destruiu em 1981, e até o teatro. O aparecimento de novos multiplexes, das Amoreiras aos King Triplex, a lenta degradação das salas e o estado de saúde de Pedro Bandeira Freire levaram a que este entregasse, em 1999, a exploração do cinema a outros. O Quarteto fecharia em novembro de 2007, por falta de condições de segurança. Mas as muitas e boas recordações que deixou não morrem.

Fonte: Time Out, 7 de dezembro de 2025

Lisboa: Antigo cinema Quarteto vai ser edifício de escritórios

O edifício na rua Flores de Lima, em Lisboa, onde até 2007 funcionou o cinema Quarteto, está a ser convertido num edifico de escritórios

De acordo com fonte oficial da autarquia, em dezembro de 2015 deu entrada nos serviços camarários um pedido de licenciamento de obras de alteração para o edifício do antigo cinema Quarteto, que teve como requerente a Eternoriente. Esse pedido foi autorizado em outubro do ano passado.

A Câmara adiantou que as obras preveem “a recuperação do edifício reconvertendo-o num espaço de escritórios” e que a “afetação do edifício a uso de natureza diferente da atividade cinematográfica” foi autorizada pela então secretaria de Estado da Cultura.

A transformação do edifício, já a decorrer, foi noticiada pelo jornal online Corvo, que refere que as obras “deverão terminar apenas no final do ano, convertendo o imóvel num centro de negócios e de trabalho, que ocupará três pisos”.

O cinema Quarteto, fundado pelo exibidor Pedro Bandeira Freire, tinha por slogan "Quatro salas, quatro filmes", e foi inaugurado em 21 novembro de 1975.

Funcionou, neste edifício, até ao encerramento pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), por falta de condições de segurança, em 16 de novembro de 2007.

A vistoria da IGAC apontou falta de condições de segurança, sobretudo de prevenção de incêndios, reposteiros de material altamente inflamável a tapar caminhos de evacuação e revestimentos de paredes e tetos em material também muito inflamável.

Na altura, era a Associação Cine-Cultural da Amadora que explorava o cinema, que, no ano anterior, estava ainda nas mãos da distribuidora Castello-Lopes.

Entretanto, o edifício foi comprado em 2013 pela Igreja Plenitude de Cristo, que acabou por não o utilizar.

De acordo com o Corvo, “em 23 de setembro de 2014, o imóvel era já dado como devoluto pela Câmara Municipal de Lisboa, de acordo com um despacho assinado por Manuel Salgado, vereador do Urbanismo, e incluído num lote de 19 prédios ou frações na mesma situação”.

Refere ainda o jornal que, em 2015, o edifício já era propriedade da Eternoriente, que entrou com o pedido de licenciamento de obras.

Fonte: SAPO, 23 de fevereiro 2017

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Tomás Taveira: as cólicas de um arquiteto