A ser levantado do chão e bater com a cara no passeio
Em Sydney, Melbourne, Brisbane, Adelaide ou Perth as
multidões que parecem não ter fim têm-se juntado contra a discriminação racial,
a brutalidade policial, e para lembrar os mais de 430 indígenas que morreram às
mãos da polícia desde 2008, os últimos dados conhecidos desde 1991, altura em
que uma comissão destacada para analisar o tema entregou o seu relatório final.
É que a morte de George Floyd, que tocou pessoas de todo o mundo e ecoou
mensagens de revolta e esperança, ainda que vinda de longe, tocou a Austrália
num ponto específico. O país que tem uma história muito própria de racismo e
marginalização de um povo, reacendeu lutas antigas e uma narrativa que existe
no país desde que é país.
“As redes sociais explodiram, a hashtag #BlackLivesMatter
era uma tendência, mas muitas pessoas das Primeiras Nações deste país perguntam
– e digo isso com a maior empatia e respeito à família e ao próprio George
Floyd – porque é que é precisa uma morte no estrangeiro para as pessoas tirarem
as palas dos olhos neste país?”, pergunta Joe Williams, indígena, antigo
pugilista e jogador profissional de Rugby, num artigo do The Guardian. “É claro
que apareceram muitos opositores à direita, dizendo principalmente nas redes
sociais para quem quisesse ouvir: ‘Não precisamos disso aqui, felizmente isso
não acontece na Austrália, #alllivesmatter’, criticando os atos de pilhagem. O
problema é que isso acontece neste país. Bastou-nos ver as imagens alarmantes
de um jovem de Sydney, no início da semana, a ser levantado do chão e bater com
a cara no passeio.”
Williams referia-se à divulgação de um vídeo que mostra um
polícia a atirar ao chão um adolescente aborígene de 16 anos, no passado dia 1
de junho, em Sydney, que fez aumentar o desconforto no país pelo tratamento
dado ao povo autóctone australiano.
Fonte: Sapo
Comentários
Enviar um comentário