Obrigacionistas americanos que perderam dinheiro no Credit Suisse processam o estado suíço

Um grupo de detentores da dívida contingente convertível do Credit Suisse que perdeu todo o seu valor no último fim de semana vai processar o Estado suíço, de acordo com o Financial Times desta quinta-feira, 23 de março.

O responsável por um dos escritórios de advogados que estão envolvidos nos processos, Richard East, descreveu a aquisição pelo UBS como “uma resolução disfarçada de fusão” que nem sequer teve o beneplácito de supervisores como o Banco Central Europeu e o Banco de Inglaterra por não “respeitarem as prioridades”, disse.

A compra do Credit Suisse (CS) pelo concorrente UBS no fim de semana implicou perdas parciais para os acionistas, e totais para 17 mil milhões de dólares em obrigações contingentes convertíveis do CS. Estas perdas foram possíveis graças a alterações de emergência na lei pelo governo suíço, que possibilitaram tanto a aquisição de emergência como a estrutura do negócio.

A dívida em questão são obrigações AT1 (Additional Tier 1), até aqui consideradas como estando à frente dos acionistas na lista de credores no caso de colapso das instituições. A estrutura da operação de compra implica o pagamento de 3,35 mil milhões de dólares aos acionistas, mas zero aos detentores desta classe de obrigações. É isso que os investidores norte-americanos querem contestar.

O fundador e líder do fundo Appaloosa Management, David Tepper - que investiu em dívida do CS durante a crise do banco - disse ao Financial Times que “os contratos devem ser cumpridos” e questionou: “se isto não mudar, como é que se pode confiar em qualquer título de dívida emitido na Suíça, ou em toda a Europa, se for possível o governo mudar leis depois dos factos?”.

Outro investidor, Mark Dowding, diretor de investimento do fundo RBC BlueBay, arriscou dizer ao jornal que a Suíça “parece-se mais a uma república das bananas” por permitir que os detentores desta dívida percam todo o seu dinheiro com mudanças ad hoc na lei.

Fonte: Expresso, 23 de março de 2023

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