Orgias, tratores, óculos de sol e espiões. As 10 demissões de políticos mais embaraçosas

Outland - Peter Boyle

Bjørnar Moxnes, político norueguês e líder do partido de esquerda, deu que falar esta semana ao apresentar a demissão na sequência de um episódio em que foi apanhado a roubar óculos de sol numa loja no aeroporto de Oslo.

O próprio admitiu ter feito o ato “estúpido”, mas não é o primeiro a afastar-se de um cargo público de relevo devido à pressão resultante de um caso embaraçoso. O Político reuniu alguns dos mais polémicos escândalos que terminaram, inevitavelmente, com a demissão do responsável envolvidos.

Orgia com 25 homens, drogas e fuga por um cano

József Szájer, eurodeputado húngaro, saltou para a ribalta após ter sido apanhado a tentar fugir de um apartamento em Berlim, pelo cano de escoamento no exterior do edifício. Responsável do partido Fidesz, conservador e conhecido pelas posições anti-LGBTQ, Fidesz foi apanhado a ‘furar’ as regras da Covid-19, numa festa proibida, na qual a polícia encontrou 25 homens nus num cenário de orgia.

O político húngaro foi detido com drogas na machila que levava com ele. Szájer acabou por se demitir e abandonar o lugar em Bruxelas, após Orbán classificar o episódio como “inaceitável”.

Paixoneta russa ‘envenenada’

Heinz-Christian Strache, então vice-chanceler austríaco, conheceu uma mulher em Ibiza. A beldade disse-lhe ser uma cidadã russa muito rica, que queria investir em Áustria e ofereceu-se para comprar 50% do jornal Kronen-Zeitung de forma a ‘virar’ a linha eleitoral e publicar os temas que interessassem ao Partido da Liberdade, de extrema-direita. Por sua vez, o vice-chanceler garantiria contratos públicos. Na realidade foi um esquema montado, e a mulher não era nenhuma empresária russa. As gravações do encontro acabaram divulgadas e com uma verdadeira avalanche de escândalo político na Áustria, conhecida com ‘Ibiza-gate’, que acabou por derrubar o governo de Sebastian Kurz.

Tratores… ou pornografia?

Um dos episódios mais recentes, data do ano passado e envolve o deputado inglês conservador Neil Parish. Foi apanhado a ver pornografia numa reunião na Câmara dos Comuns, justificando depois que calhou a encontrar o conteúdo para adultos quando, “num momento de loucura”, fez uma pesquisa no Google sobre ‘tratores’. Mais tarde acabou por admitir estar a ver pornografia.

Após a demissão, numa entrevista, o político admitiu que a mulher já se tinha queixado de que ele “pensava demasiado em sexo”, o que não contribuiu para acalmar o coro de críticas.

Mensagens explícitas em Paris

A corrida à Câmara Municipal de Paris, em 2020, foi sangrenta e Benjamin Griveaux, candidato do La République En Marche e um dos maiores apoiantes de Emmanuel Macron, acabou por ter de se demitir e afastar da vida política, após alegações de que enviou mensagens explícitas e vídeos de cariz sexual para uma mulher não identificada.

As imagens, alegadamente enviadas pelo político, casado e com três filhos, depressa se tornara viral.

“Não me quero expor, nem a mim nem à minha família, a mais nada, quando qualquer tipo de ataque é permitido, é demais”, disse na altura.

Vergonha comunitária

Na lista, é a demissão por motivos capazes de deixar qualquer um envergonhado com maior número de envolvidos. Em 1999, toda a Comissão Europeia que era encabeçada por Jacques Santer, pediu a demissão, depois de um relatório de um comité independente a apontar como culpada de “corrupção, abuso de poder e fraude”.

Nas 140 páginas eram descritos casos de fraude, nepotismo e corrupção no seio da instituição europeia. Um dos principais envolvidos era a antiga primeira-ministra francesa Edith Cresson, que contratava amigos e familiares para cargos de topo - até o dentista, René Berthelot, foi colocado em linha para assumir um cargo de conselheiro, mas só esteve 18 meses a trabalhar para a UE.

Brincar aos espiões…num triângulo amoroso

O primeiro-ministro checo Petr Necas apresentou a demissão após a sua chefe de gabinete Jana Nagyova ser acusada d corrupção e abuso de poder.

A ex-actriz era suspeita de subornar antigos deputados, mas o que gerou mais polémica foi o seu alegado uso abusivo dos serviços secretos.

Na realidade, Jana Nagyova estava a ter um caso com o primeiro-ministro e usaria agentes para espiarem a mulher de Necas.

O primeiro-ministro acabou fora do cargo e divorciado, mas acabou mesmo por casar com Nagyova pouco depois.

Inferno fiscal

O antigo ministro francês do orçamento Jérôme Cahuzac era uma das principais vozes que pedia combate aos paraísos fiscais mais apertado em França. No melhor pano cai a nódoa: o governante acabou formalmente acusado de evasão fiscal. Foi revelado numa investigação do site Mediapart que Cahuzac não declarou o dinheiro que tinha numa conta escondida na Suíça, durante quase 20 anos. Os Panama Papers também revelaram que tinha uma empresa nas Seychelles. Acabou condenado a dois anos de cadeia, por branqueamento de captais e fraude fiscal.

Não há creme anti-demissão?

Antes de Moxnes e dos óculos de sol no aeroporto, Cristina Cifuentes, que foi Presidente da Comunidade de Madrid, já tinha feito manchetes pelos episódios de roubo a envolver políticos. A espanhola foi duramente criticada após surgirem imagens antigas que a mostravam a roubar um creme anti-idade. Cifuentes disse que foi “um erro involuntário””, e acabou por pagar os 40 euros que devia à loja. No entanto, depressa surgiram alegações de que tinha mentido sobre o percurso académico, o que a levou à demissão.

Fome política

O deputado esloveno Darij Krajcic apresentou a demissão depois de ter roubado… uma sanduiche. O caso aconteceu numa loja em Ljubljana, quando o político, irritado por estar a ser ignorado pelos funcionários, decidiu fazer “uma experiência social”. Ninguém reparou no roubo, mas a pressão dos colegas de partido, a quem tinha contado o episódio, levaram-no a pedir para ser afastado do cargo.

Krajcic também voltou `loja para pagar o valor da sanduíche roubada.

Ir apoiar país afetado por desastre natural… de jato

Alain Joyandet, ministro francês para o Desenvolvimento de Nicolas Sarkozy, demitiu-se após ter alugado um jato privado, por mais de 115 mil euros, para se deslocar para o Haiti, que recentemente tinha sido abalado por um violento sismo.

Juntaram-se depois outros escândalos com gastos supérfluos no Governo, com o ministro Christan Blanc a alegadamente comprar 12 mil euros em charutos cubanos com fundos públicos.

Fonte: Executive Digest, 29 de julho de 2023

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