“Como se atrevem?” Robert De Niro acusa a Apple de censura
Os Gotham Awards, o primeiro grande pontapé de saída para a
Award Season, decorreram na madrugada da passada segunda-feira e foram palco de
uma enorme controvérsia envolvendo o ator Robert De Niro e a Apple.
Quando subiu a palco para receber o Gotham Historical Icon and Creator Tribute em nome de “Assassinos da Lua das Flores”, o veterano apercebeu-se que o discurso no seu teleponto não era o mesmo que tinha preparado, reparando que as partes mais controversas e políticas haviam sido eliminadas.
Sem papas na língua, De Niro agarrou no seu telemóvel de
onde leu o texto original:
“A História, já não é História. A Verdade, já não é
Verdade, e até factos são substituídos por 'factos' alternativos, motivados por
teorias da conspiração e coisas horríveis. Na Flórida, jovens estudantes
aprendem que os escravos desenvolveram habilidades que podem ser aplicadas para
benefício próprio. A indústria do entretenimento não é imune a esta doença
podre. The Duke, ou John Wayne, famosamente disse sobre os nativos
norte-americanos 'não me sinto mal por lhes roubar este grande país. Existiam
imensas pessoas que precisavam de terras e o Índios estavam a detê-las por
egoísmo'. A mentira transformou-se em mais uma ferramenta no arsenal dos
charlatões. O ex-presidente mentiu-nos 30,000 vezes durante os quatro anos que
esteve em funções e continua a ganhar terreno na sua nova campanha. Com todas
estas mentiras, não consegue esconder a sua alma. Ataca os mais fracos, destrói
as dádivas da natureza e desrespeita as pessoas, por exemplo usando palavras
como 'Pocahontas' transformando o nome num insulto".
Seguidamente, o ator dirigiu-se diretamente à Apple, “Não me
sinto com vontade de vos agradecer pelo que fizeram. Como se atrevem em fazer
isto, na verdade?”.
Segundo as fontes da Variety, a alteração do discurso por
parte da Apple, a produtora de “Assassinos da Lua das Flores”, atendeu ao feedback da equipa
responsável pelo filme que desejava que os comentários de De Niro se
concentrassem exclusivamente na nova longa-metragem de Martin Scorsese e nada
mais.
Uma versão corrigida do discurso foi entregue ao teleponto
menos de dez minutos antes do início do evento às 19h00 no horário de leste dos
EUA, sendo que a ordem foi dada por alguém que se identificou como funcionária
da Apple. Às 18h54, a empresa responsável pelo teleponto recebeu um e-mail de
dois funcionários da Apple com o novo texto, que omitiu referências
explícitas a Trump, com referências ambíguas a como “assistir às notícias
hoje” mostrava que “estamos a viver numa sociedade de pós-verdade”. Um
porta-voz de De Niro garantiu que o ator não foi informado de qualquer mudança
no discurso.
Fontes próximas ao filme negam também qualquer censura e
classificam o acidente como uma falha de comunicação, afiançando que houve
várias versões do discurso a serem discutidas e que o desejo era focar-se
apenas no filme e no talento envolvido nele. A mesma entidade revela
desconhecimento ao facto de Robert De Niro não ter tido a palavra final na
aprovação do discurso.
A Variety assegura também que a organização dos prémios
Gotham nada teve a ver com estas alterações ou cortes.
Fonte: Magazine.HD, 29 de novembro de 2023
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