Pode a travessia do Dnipro em Kherson quebrar o impasse na guerra da Ucrânia?

A Ucrânia iniciou, há seis meses, ações de combate anfíbio no rio Dnipro, a sul de Zaporíjia. Algumas ilhas foram ocupadas, mas a criação de ponte flutuantes que permitiriam passar veículos e artilharia para margem ocupada de Kherson foi frustrada pela explosão da barragem de Nova Kakhova, que alagou as margens do rio. Desde setembro as operações de travessia tornaram-se regulares, intensificando-se em outubro, o que culminou no controlo parcial de uma língua de território de cerca de 50 quilómetros, de Nova Kakhova a Hola Prystan, “com profundidade de três a oito quilómetros, dependo da geografia”, segundo Natalia Humeniuk, porta-voz do comando operacional ucraniano do Sul. Na manhã de 13 de novembro, os média russos reportaram um reagrupar de tropas do Kremlin no leste do Dnipro para posições mais favoráveis, à custa de grupos de ataque doutros sectores. A notícia foi apagada e o Ministério da Defesa russo disse não passar de “provocação”

Os ucranianos colocaram pela primeira vez a bandeira azul e amarela em Dachi, margem leste do rio Dnipro, no território ocupado de Kherson, no fim de agosto. Dachi fica perto da ponte Antonovskiy, destruída na retirada russa de há um ano. Desde então as forças ucranianas têm-se acumulado na margem ocupada, em grupos de cinco a dez, a lotação de um pequeno barco. Com o tempo, firmaram posições já no final de outubro. Na margem ocupada, assiste-se a um avanço ucraniano sustentado, com centenas de militares a ocupar pedaços de floresta e a organizar ataques às posições russas em torno de pequenas cidades como Krynky, Poina, Pishchanivka, Pidstepne, as últimas três do lado oposto à foz do rio Inhulets, a servir de ponto logístico dos ucranianos.

Estas posições são defendidas do lado ucraniano com recurso a drones FPV e apoio antecipado de artilharia, não raro fruto de enormes campanhas de crowdfunding da Fundação de Caridade de Serhiy Prytula, também responsável pela compra de 105 veículos militares de artilharia leve Spartans com funções anfíbias, bem como embarcações rápidas semirrígidas. Certo é que as forças de Kiev já passaram veículos de artilharia pesada, por exemplo um BTR-4s, a bordo de um PTS-2, vocacionado para operações anfíbias, na direção de Krynky, há três semanas.

Fonte: Expresso, 29 de novembro de 2023

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