"Governo gastou 74 mil euros" para renovar imagem institucional
A comparação entre a nova imagem - que conta com dois
retângulos, um verde e o outro vermelho, separados por um círculo amarelo - e a
antiga que é composta pelas cores da bandeira nacional com a esfera armilar, os
sete castelos e as cinco quinas, motivou vários comentários, mas só o preço é
novidade: afinal, o novo logótipo está há meses nas plataformas digitais do
Governo.
A 23 de novembro de 2022 foi, de facto, publicado no Portal
Base o contrato entre o Estado Português e o adjudicatário Studio Eduardo
Aires, adjudicado através de consulta prévia - um procedimento de contratação
pública em que a entidade adjudicante convida diretamente, pelo menos, três
entidades à sua escolha - no "preço máximo" de 74 mil euros acrescido
de IVA à taxa legal em vigor.
No Manual de Aplicação da Identidade Visual do Governo,
justifica-se que "o que se propõe não constitui o redesenho da bandeira,
instaurada pela Revolução de 5 de outubro de 1910 e devidamente consagrada na
Constituição da República Portuguesa como símbolo de soberania, independência,
unidade e integridade".
De acordo com este documento, este é "um símbolo novo e
distinto, representativo do Governo da República Portuguesa" que se
traduz numa imagem "inclusiva, plural e laica".
O Polígrafo questionou o gabinete do Primeiro-Ministro, que
indicou que, das três entidades consultadas, Eduardo Aires tinha "o preço
mais baixo" e a "equipa mais qualificada, integrando especialistas
reconhecidos em várias áreas da comunicação visual, e um portefólio de
trabalhos notáveis".
Quanto ao preço contratual, o gabinete argumenta que "o
valor não só não é elevado como está muito longe dos preços de mercado"
tendo em conta o caderno de encargos do procedimento.
Este "incluiu a conceção de um programa de identidade
visual e respetiva arquitetura; o desenho da marca e do logotipo, assim como
das suas variantes e declinações; a criação de um Livro de Normas para a
aplicação do programa visual; e a aplicação num conjunto de materiais" que
possuem tanto aplicação física como digital.
Ao Polígrafo, o gabinete do Primeiro-Ministro justifica
ainda que esta nova identidade visual substitui uma imagem criada há 12 anos
"que apresentava várias fragilidades, especialmente na aplicação em
plataformas digitais". Em causa a "complexidade do modelo antigo
(soma de muitas cores e detalhes simbólicos)", que "criava vários
problemas práticos, tanto de legibilidade em formatos impressos mais pequenos
como – a razão mais importante –, limitava em absoluto as possibilidades de
animação e movimento que caracterizam o meio digital dos dias de hoje".
O gabinete conclui que a imagem escolhida "é mais
operativa e funcional" e que "preserva a bandeira nacional enquanto
símbolo de Portugal".
Fonte: Polígrafo, 30 de novembro de 2023
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