Alemanha ameaça soprar a casa dos outros com armas de longo alcance para a Ucrânia

The Protégé (2021)

Chanceler afirma que já não há restrições quanto a “atacar posições militares na Rússia”

O chanceler alemão Friedrich Merz anunciou que a Alemanha, e talvez outros aliados ocidentais, vão eliminar as restrições de alcance dos mísseis fornecidos pelo Ocidente à Ucrânia.

O chanceler recém-eleito disse aos participantes no WDR Europaforum 2025 que “já não existem restrições de alcance das armas fornecidas à Ucrânia, nem pelos britânicos, nem pelos franceses, nem por nós, nem pelos americanos”.

Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para continuar a apoiar a Ucrânia. Isto também significa deixar de ter quaisquer restrições de alcance nas armas que fornecemos. A Ucrânia pode agora também defender-se atacando posições militares na Rússia”, publicou Merz nas redes sociais.

Não é claro se Merz se referia a uma nova política não anunciada da administração Trump ou a uma decisão anterior do ex-presidente Biden de permitir que a Ucrânia usasse sistemas de mísseis táticos do exército (ATACMs) em território russo em novembro de 2024 ao se referir aos “americanos”. O Kyiv Post noticiou que o presidente Trump está a “considerar seriamente” a possibilidade de eliminar as restantes restrições da era Biden.

Por seu lado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, considerou a decisão “bastante perigosa”, acrescentando que “se tais decisões forem tomadas, irão absolutamente contra as nossas aspirações de alcançar um acordo político e os esforços que estão a ser feitos no âmbito do acordo”.

O presidente russo Vladimir Putin também avisou, em setembro passado, que “os países da NATO, os EUA e os países europeus estão em guerra com a Rússia”, se permitissem que os seus mísseis fossem disparados pela Ucrânia para território russo.

O significado do anúncio de Merz não é claro. O ministro das Finanças alemão, Lars Klingbeil, disse aos jornalistas que “não há nenhum novo acordo que vá além do que o governo anterior tinha em vigor”.

Além disso, o próprio Merz disse na terça-feira que “ontem, em Berlim, descrevi algo que tem vindo a acontecer há meses: nomeadamente, que a Ucrânia tem o direito de utilizar as armas que recebe, mesmo para além das suas próprias fronteiras, contra alvos militares em território russo”.

Apesar dos pedidos da Ucrânia, a Alemanha ainda não forneceu a Kiev armas que pudessem penetrar profundamente na Rússia, uma vez que o anterior chanceler alemão, Olaf Scholz, considerava que era um passo demasiado grande. No entanto, espera-se que Merz e Zelensky discutam a possibilidade de a Alemanha fornecer mísseis Taurus de longo alcance à Ucrânia durante a sua reunião de amanhã em Berlim.

“Vimos no ano passado, com a instalação do Oreshnik pela Rússia, como Putin está sempre a exagerar na escalada”, comentou o antigo diplomata britânico Ian Proud. “A questão que se coloca a Merz é: que carta de escalada irá ele jogar a seguir se Putin lançar outro Oreshnik ou, Deus nos livre, algo pior? Se ele não pensou bem nisso, e eu receio que não tenha pensado, então deve reconsiderar, ou arrisca-se a parecer fraco e displicente quando recuar”.

Aaron Sobczak

Fonte: Responsible Statecraft, 27 de maio de 2025

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