Israel quer suspender a ajuda no norte de Gaza enquanto intensifica a sua ofensiva na cidade
Perry Mason
(1957-1966) – Andra Martin
Israel quer abrandar ou parar completamente a entrada de
ajuda no norte de Gaza, disse à agência noticiosa The Associated Press
um funcionário que falou sob condição de anonimato.
Esta medida surge no momento em que Israel iniciou a sua ofensiva militar alargada na cidade de Gaza, anunciada no início do mês e
condenada a nível internacional.
Na sexta-feira, Israel declarou a cidade sitiada como zona
de combate e afirmou que ainda existe uma rede
de túneis utilizados pelo Hamas,
apesar dos vários ataques em grande escala efetuados na zona durante a ofensiva
de quase 23 meses.
De acordo com vários meios de comunicação social, as
autoridades hospitalares informaram que pelo menos 50 palestinianos foram
mortos em ataques israelitas no sábado, incluindo 26 na cidade de Gaza.
À medida que os militares intensificaram os seus ataques à
cidade de Gaza na semana passada, Israel apelou aos palestinianos para que
evacuassem para o sul da faixa, uma medida contra a qual a Cruz Vermelha
alertou.
"Uma evacuação em massa da cidade de Gaza não só é
impraticável como incompreensível", afirmou a presidente do CICV, Mirjana
Spoljaric, numa declaração no sábado.
"Tal evacuação desencadearia um movimento maciço de
população que nenhuma zona da Faixa de Gaza pode absorver, dada a destruição
generalizada das infraestruturas civis e a extrema escassez de alimentos, água,
abrigos e cuidados médicos", acrescentou.
Os oficiais de segurança israelitas parecem reconhecer os
desafios logísticos, dizendo aos meios de comunicação locais que a evacuação da
cidade de Gaza está a ser mais lenta do que o previsto.
Spoljaric exigiu que todos os civis sejam protegidos pelo direito
internacional humanitário, "quer partam ou fiquem para trás, e devem ser
autorizados a regressar a casa".
Os grupos de ajuda humanitária também alertaram para o facto
de a evacuação em grande escala poder agravar ainda mais a grave crise
humanitária. No início deste mês, a principal autoridade em matéria de crises
alimentares confirmou que a cidade de Gaza estava a passar fome e que meio
milhão de pessoas em toda a faixa enfrentavam níveis catastróficos de fome.
Na quinta-feira, a ONU anunciou que 23 000 pessoas tinham
sido evacuadas durante a semana, muitas das quais foram obrigadas a abandonar
as suas casas mais do que uma vez. No entanto, muitos na cidade de Gaza dizem
que não há nenhum sítio seguro para onde ir.
Fonte: Euronews, 30 de agosto de 2025
Neste princípio de identidade do cinismo atual: “ofensiva militar alargada” = “operação militar especial” – houve punhos erguidos, vestes rasgadas e urros em nome da democracia nesta, falas mansas, prestidigitação e venda de armas em saldo naquela.
Israel vai cortar ajuda humanitária no norte de Gaza
Israel anunciou que, “nos próximos dias”, irá “reduzir” ou
mesmo “interromper” a entrada de ajuda humanitária no norte de Gaza, numa escalada da ofensiva destinada “a enfraquecer o
Hamas”.
Um responsável israelita, que falou à Associated Press
sob anonimato, revelou que os lançamentos aéreos de ajuda sobre a cidade de
Gaza “serão suspensos”. Ao mesmo tempo, a entrada de camiões humanitários no
norte da faixa será “diminuída”, numa estratégia que antecede, assim, a
evacuação massiva (serão centenas de milhares) de civis em direção ao sul da
faixa, enquanto a cidade de Gaza é declarada zona de combate por Israel.
Na sexta-feira, o porta-voz militar Avichay Adraee apelou
aos palestinianos para se dirigirem para o sul, descrevendo a evacuação como
“inevitável”. E nos últimos dias já se registou uma interrupção temporária das
entregas, uma quebra face à distribuição quase diária que vinha sendo feita nas
semanas anteriores.
Várias organizações humanitárias alertam que a retirada em
larga escala da população da cidade de Gaza agravará ainda mais a já dramática
crise humanitária na região.
Fonte: CNN Portugal, 30 de agosto de 2025
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