Governo aproveita baixa dos combustíveis para subir imposto
Perry Mason
(1957-1966) – Otto Kruger, William Keene
Com uma
descida significativa dos preços prevista para esta segunda-feira, o Governo
aproveitou para eliminar uma parte do desconto no imposto sobre os produtos
petrolíferos que foi introduzido em 2022
No final desta sexta-feira foi publicada a portaria que revê
as taxas de imposto sobre os produtos petrolíferos que vão entrar em vigor na
próxima segunda-feira, 1 de dezembro. O ISP na
gasolina vai subir cerca de 1,6 cêntimos por litro e a taxa cobrada
sobre o gasóleo subirá mais de dois cêntimos por litro.
Considerando o efeito do IVA que incide sobre o preço antes
de impostos mais o ISP, o impacto no aumento da
carga fiscal por litro rondará os três cêntimos no gasóleo e os dois
cêntimos na gasolina. No entanto, fontes de mercado contactadas
pelo Observador dizem que este agravamento fiscal vai ainda permitir que
os consumidores sintam um alívio nos preços que vão pagar na próxima
segunda-feira. Isto porque o governo teve a cautela de não aproveitar toda a
margem dada pela descida dos preços nos mercados internacionais.
De acordo com as cotações até quinta-feira, o gasóleo deveria baixar entre cinco e sete cêntimos
por litro e a gasolina deveria
cair três cêntimos. Com o agravamento do imposto agora aprovado, o
gasóleo vai descer até quatro cêntimos por litro. Já o preço da gasolina deve,
ainda assim, cair um cêntimo.
O ministro das Finanças já tinha manifestado que era
intenção do governo de eliminar o desconto no imposto sobre os produtos
petrolíferos, mas de forma gradual e acomodando essa recuperação fiscal em
situações de baixa de preços antes de impostos. Miranda Sarmento referiu que existia uma pressão muito grande da Comissão Europeia para Portugal por fim às ajudas ao preço da
energia que duram
desde a guerra na Ucrânia. Este desconto foi introduzido pelo governo
socialista como temporário. Mas até agora, a única decisão tomada foi o
descongelamento da taxa de carbono.
A medida em relação ao ISP ficou fora do Orçamento do Estado
para 2026 que foi aprovado esta semana e o governo não se comprometeu com o
ritmo de recuperação, nem com um calendário.
A portaria remete para a natureza temporária e
extraordinária de que se revestiram todas estas medidas e lembra que em março
de 2023 se iniciou o descongelamento gradual da atualização do adicionamento
sobre as emissões de CO2. O primeiro governo de Luís Montenegro “prosseguiu o
descongelamento gradual da atualização do adicionamento sobre as emissões de
CO2, o qual foi concretizado tendo em conta a evolução do mercado, de forma a
assegurar que o mesmo não se refletisse num aumento dos preços dos
combustíveis”.
“Em consonância com as recomendações da Comissão Europeia,
estas medidas devem ser progressivamente eliminadas à medida que a evolução do
mercado da energia o permitir. Neste contexto, a presente portaria procede à
reversão parcial das medidas extraordinárias e temporárias, atualizando as
taxas unitárias do ISP sobre a gasolina e o gasóleo, promovendo a indispensável
reversão gradual das medidas temporárias adotadas em sede do ISP”.
Fonte: Observador, 28 de
novembro de 2025

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