Reino Unido e Dinamarca apelam à reforma da Convenção Europeia dos Direitos Humanos
Buon funerale amigos!... paga Sartana (1970) – Daniela
Giordano
Num artigo assinado por ambos os líderes no jornal The
Guardian, os chefes de governo do Reino Unido e da Dinamarca, Keir Starmer
e Mette Frederiksen, pedem uma reforma da reinterpretação da Convenção Europeia
dos Direitos Humanos para abordar as questões da imigração na Europa. Este
assunto será tema no encontro informal do Conselho da Europa, a realizar em
Estrasburgo esta quarta-feira.
“Num mundo de mobilidade em
massa, as soluções de ontem já não funcionam. Sempre protegeremos
aqueles que fogem da guerra e do terror, mas o mundo mudou e os sistemas de
asilo têm de mudar com ele”, defendem Starmer e Frederiksen no artigo publicado
pelo The Guardian.
Justificam as suas políticas de imigração com base na
vontade das populações em abordar o problema da imigração irregular e da falta
de integração.
“Portanto, a nossa mensagem é esta: como governos
responsáveis e progressistas, promoveremos a mudança que a população tanto
anseia. Controlaremos as nossas fronteiras para proteger as nossas democracias
e tornar as nossas nações mais fortes do que nunca nos anos vindouros.”
Os dois chefes de governo pedem, assim, uma “modernização da
interpretação da Convenção Europeia dos Direitos Humanos”, para que este
“reflita os desafios do século XXI”, e combata “as forças do ódio e divisão”,
referindo-se aos movimentos populistas de direita anti-imigração.
Nesse âmbito, Starmer e Frederiksen defendem políticas
conjuntas com os seus congéneres europeus, assente uma migração “ordenada,
gerida e sustentável”. Apelam ainda a que as rotas de imigração irregular não
sejam “opção preferencial”, de forma a “desmantelar as redes de tráfico humano
que se aproveitam do desespero”.
Para além disso, destacam no artigo da opinião a redução do
número de requerentes de asilo na Dinamarca – “o mais baixo em 40 anos” - e o
aumento das deportações de criminosos de nacionalidade estrangeira em 12%
“desde novembro do ano passado”.
Quais as políticas de imigração da Dinamarca e Reino
Unido?
Mette Frederiksen e Keir Starmer têm enfrentado polémicas
nos seus países pelas suas políticas de imigração.
Frederiksen chegou ao cargo de primeira-ministra da
Dinamarca em 2019, com um discurso fortemente focado no combate à imigração
irregular e na reforma do sistema de asilo, como forma de combater o partido de
direita radical, Partido Popular Dinamarquês, então segunda força política do
país.
Algumas das medidas mais conhecidas do país, que já vem do
seu antecessor, são o asilo temporário de refugiados, independentemente do seu
contexto, o confisco de bens de imigrantes e refugiados para cobrir custos de
alimentação e habitação, assim como restrições no agrupamento familiar e a
demolição de bairros de maioria “não-ocidental”.
Outras, incluem a lei de 2021 que prevê a deportação de
refugiados e requerentes de asilo para países terceiros, à semelhança da
polémica proposta britânica, declarada ilegal, de deportações em massa para o
Ruanda.
As medidas são justificadas pelo Governo como forma de
evitar o colapso dos serviços públicos e do estado social.
Starmer, apesar de ter criticado a polémica política de
imigração dos governos conservadores de Boris Johnson e Rishi Sunak, tem
acentuado a sua retórica mais securitária, incluindo um controverso discurso,
proferido em junho, em que lamentava as políticas de imigração, temendo que o
Reino Unido se tornasse “numa ilha de estranhos”.
Algumas das políticas adotadas são inspiradas na Dinamarca,
como a passagem da requisição de asilo para temporário. Outras, incluem o
aumento de 5 para 10 anos de residência para a naturalização – à exceção de
médicos e enfermeiros -, o fim do visto para profissionais de saúde
estrangeiros, bem como o fim de apoios à habitação para requerentes e asilo.
Fonte: RTP, 10 de dezembro
de 2025

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