União Europeia lamenta que a administração Trump se tenha antecipado a um acordo sobre terras raras com o Brasil
Buon funerale amigos!... paga Sartana (1970) – Daniela
Giordano
A União
Europeia (UE) entrou tardiamente na corrida aos minerais de terras raras na
América Latina, meses depois de os Estados Unidos terem começado a negociar um
acordo com o Brasil
As autoridades da UE procuraram uma linguagem diplomática
para expressar o seu desejo de se tornarem menos dependentes da China, que
controla cerca de 60% da oferta e 90% da capacidade de refinação destes
valiosos minerais. A China utiliza agressivamente a sua posição dominante no
mercado como forma de pressão política, ameaçando cortar o fornecimento aos
países que desagradam a Pequim, e manipula os preços para impedir que os
concorrentes do mercado livre quebrem o seu controlo sobre a cadeia de abastecimento
de terras raras.
“Queremos limitar os nossos riscos no caso de haver um
grande conflito entre a China e os EUA”, explicou Stéphane Séjourne, Comissário
Europeu para a Indústria, durante uma entrevista na semana passada sobre a
corrida da UE para construir fábricas de ímanes e outros locais de produção de
terras raras.
Sejourne afirmou que a Europa quer “tornar-se mais
autossuficiente”, especialmente depois de ver a China utilizar controlos de
exportação para prejudicar a cadeia de abastecimento mundial de terras raras
por duas vezes no último ano. Tal como a maioria das autoridades europeias, preferiu falar em “redução de riscos” através do
desenvolvimento de fontes alternativas para os minerais processados, em vez de
“desacoplamento” da China, uma expressão que irrita Pequim.
“Os EUA querem tornar-se 100% independentes. Nós não”, disse
Sejourne. “Precisamos de investimentos chineses, e não é necessariamente um
problema se a tecnologia vier da China. O que importa é que não queremos mais
ser suscetíveis à chantagem geopolítica quando as tensões aumentam.”
O objetivo atual da UE é que 10% das matérias-primas
críticas sejam provenientes de minas europeias e que 40% do processamento
necessário ocorra na Europa, no prazo de cinco anos.
A busca de Sejourne por fontes alternativas de minerais de
terras raras levou-o ao Brasil – onde descobriu que os americanos já se tinham
adiantado.
“No mês passado, deveria ir
ao Brasil falar sobre uma mina de extração de metais de terras raras. Três dias
antes, disseram-nos que os americanos apareceram, colocaram dinheiro em cima da
mesa e compraram toda a produção até 2030”, lamentou.
“Presumimos que não havia dinheiro disponível por causa da
paralisação do governo”, disse, referindo-se à paralisação do governo
norte-americano promovida pelo Partido Democrata, que estava em vigor na
altura. “Já tinham levado isso em consideração. O dinheiro já estava
reservado.”
Sejourne mencionou outra área em que a administração Trump
agiu rapidamente e deu um exemplo a seguir pela Europa: o estabelecimento de
preços mínimos para os minerais críticos, o que impede a China de inundar o
mercado e de baixar os preços sempre que os concorrentes estrangeiros procuram
investimento para as suas próprias minas e refinarias. Segundo Sejourne, as
empresas europeias estão a exigir uma proteção semelhante antes de fazerem os
grandes investimentos na mineração e nas refinarias exigidos pelo plano de
desenvolvimento da UE.
Quando o entrevistador observou que a sua “visão lembra, por
vezes, a de Trump”, Séjourne respondeu: “Não partilho dos seus métodos, mas
partilho da sua agenda, no sentido em que acredito que devemos reindustrializar
a Europa”.
No início de dezembro, a Comissão Europeia anunciou que iria
investir cerca de 3,5 mil milhões de dólares na extração, refinação e
reciclagem de minerais críticos e estabelecer um “Centro Europeu de
Matérias-Primas Críticas” no próximo ano.
A reciclagem de terras raras e minerais críticos
provenientes de ímanes que chegam ao fim da sua vida útil e de lixo eletrónico
é um tema em voga no setor atualmente. Em novembro, a administração Trump
anunciou uma parceria de 1,4 mil milhões de dólares com duas empresas, a Vulcan
Elements e a ReElement Technologies, para desenvolver uma cadeia de
abastecimento nacional para ímanes. A ReElement Technologies concentra-se na
reciclagem e recuperação de minerais.
Os europeus estão a constatar a cada passo que a
administração Trump está a “negociar acordos bilaterais em todo o lado para
garantir os seus próprios fornecimentos”, como afirmou a Agence
France-Presse (AFP). A experiência de Sejourne no Brasil foi um exemplo de
como os europeus chegam à mesa das negociações com alguns dias ou semanas de
atraso.
Na segunda-feira, o Brasil deu um importante passo
legislativo no sentido do estabelecimento de uma política nacional para
organizar a produção de minerais críticos, incluindo orientações para o
fornecimento em larga escala de lítio, níquel, grafite e terras raras. Os deputados
brasileiros citaram o grande interesse dos EUA na compra destes minerais como
um dos motivos para acelerar a tramitação da legislação.
Fonte: Breitbart, 10 de dezembro de 2025


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